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EUA pedem explicações a Cuba por detenção de "presos políticos"

10/12/2018 22h48

Washington, 10 dez (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, pediu nesta segunda-feira ao seu homólogo de Cuba, Bruno Rodríguez, que dê explicações "substanciais" sobre a contínua detenção de oito "presos políticos", entre eles Martha Sánchez, do grupo dissidente Damas de Branco.

Pompeo formulou esse pedido em uma carta na qual lembra o suposto compromisso feito durante uma entrevista coletiva em março de 2016 em Havana pelo ex-presidente de Cuba, Raúl Castro (2008-2018), que disse que, se os EUA eram capazes de dar-lhe uma lista de "presos políticos", os colocaria em liberdade naquela mesma noite.

Com base nessa ideia, Pompeo ofereceu hoje uma "lista ilustrativa de presos políticos em Cuba" com oito nomes, entre eles o de Sánchez, que, segundo os EUA, foi condenada a cinco anos de prisão por três crimes (desacato, desobediência e prejuízo).

Na lista de Pompeo aparecem também Yosvany Sánchez Valenciano, Melkis Faure Echevarria e Yanier Suárez Tamayo, três ativistas da União Patriótica de Cuba (UNPACU); assim como Eduardo Cardet Concepción, do Movimento Cristão de Libertação (MCL), e o jornalista Yoeni de Jesús Guerra García.

Os dois "presos políticos" que completam a lista são José Rolando Casares Soto e Yamilka Abascal Sánchez, os dois da Mesa de Diálogo da Juventude Cubana.

"Os EUA reconhecem o direito soberano de cada Estado para julgar e condenar os indivíduos que violam as leis criminais, desde que contem com as garantias de um julgamento justo por um tribunal independente e imparcial", escreveu Pompeo na sua carta.

"Esse princípio, no entanto, não justifica o encarceramento de indivíduos cubanos pelo simples exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de religião, expressão, reunião ou associação", acrescentou o chefe da diplomacia americana.

Na entrevista coletiva de 2016, junto ao então presidente dos EUA, Barack Obama (2009-2017), Raúl Castro questionou a existência de "presos políticos" em Cuba e, diante das perguntas de um jornalista, respondeu: "Me dê lista dos presos políticos atualmente para soltá-los (...) Que presos políticos?".

As declarações de Castro fizeram com que organizações do exílio cubano na Flórida, como a Fundação Nacional Cubana Americana (FNCA), publicasse listas de presos que consideram políticos.

Na sua carta, Pompeo garantiu que funcionários dos EUA mencionaram o tema em várias ocasiões às autoridades cubanas e, ao não obter uma resposta satisfatória, informou hoje publicamente da carta que enviou ao chanceler cubano, datada de 7 de dezembro.

Sob o governo de Obama, Washington e Havana iniciaram um processo de normalização diplomática, mas esse progresso se paralisou pouco depois da chegada ao poder em janeiro de 2017 do presidente Donald Trump.