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Dinamarca extradita a Ruanda suspeito de participar de genocídio em 1994

Um memorial as vítimas do genocídio em Nyamata, Ruanda, feito com o crânio das pessoas assassinadas. As caveiras mostram marcas de violência, como buraco de tiros e aberturas causadas por facões e machados. - I. Inisheer
Um memorial as vítimas do genocídio em Nyamata, Ruanda, feito com o crânio das pessoas assassinadas. As caveiras mostram marcas de violência, como buraco de tiros e aberturas causadas por facões e machados. Imagem: I. Inisheer

11/12/2018 15h31

Um suspeito de ter participado do genocídio ocorrido em Ruanda em 1994 foi extraditado pela Dinamarca para ser julgado pelo crime em seu país.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira pela Promotoria de Ruanda. Espera-se que Wenceslas Twagirayezu, de 50 anos, chegue a Kigali, capital do país, nas próximas horas para enfrentar as acusações de genocídio, extermínio e crimes contra a humanidade.

Os promotores de Ruanda afirmam que o suspeito participou do massacre de 1994. Junto com outras pessoas, ele teria atacado vários locais da antiga comuna de Rwerere, atual distrito de Rubavu.

Twagirayezu ainda teria ordenado os ataques contra uma paróquia católica onde estavam mais de 3 mil refugiados tutsis. Segundo os promotores, 1 mil foram assassinados.

Além disso, o suspeito é acusado de cometer assassinatos na Universidade de Mudende e no Instituto Saint Fidele.

Cerca de 40% da população de Ruanda foi exterminada no genocídio de 1994. Na época, o país era o mais populoso da África, com 7 milhões de habitantes. Segundo dados oficiais, 70% das vítimas pertenciam à etnia tutsi, todos assassinados por extremistas hutus.

O genocídio ocorreu após a morte do então presidente de Ruanda, Juvenal Habyarimana, que estava em um avião que foi derrubado em 6 de abril de 1994 pouco antes de aterrissar no aeroporto de Kigali.

O assassinato de Habyarimana, morto junto ao presidente de Burundi, Cyprien Ntaryamira, que o acompanhava, foi o estopim do massacre promovido por hutus radicais.

Após o genocídio, no qual também morreram vários hutus moderados, a Frente Patriótica de Ruanda (RPF) tomou o controle do país.

O grupo era liderado pelo atual presidente de Ruanda, o tutsi Paul Kagame, considerado culpado pela morte de Habyarimana por uma investigação conduzida pela França. Kagame nega a acusação.