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Temer decide extraditar Cesare Battisti

14/12/2018 19h25

Brasília, 14 dez (EFE).- O presidente Michel Temer decidiu nesta sexta-feira extraditar o ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado por quatro assassinatos em seu país durante a década de 1970.

Battisti, que vive no Brasil desde 2004, é considerado "foragido" da Justiça após o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter autorizado ontem a prisão imediata com fins de extradição.

A polícia foi à residência de Battisti na cidade de Cananéia, no litoral do estado de São Paulo, para cumprir o mandado de captura, mas não o encontrou. A partir desse momento, passou a ser considerado foragido da Justiça.

O STF já havia autorizado a extradição em 2009, em decisão não vinculativa que deixou a determinação final nas mãos do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que a rejeitou no dia 31 de dezembro de 2010, o último dia de seu segundo mandato.

A decisão de Lula, hoje preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, permitiu que Battisti, condenado a revelia à prisão perpétua por quatro assassinados entre 1977 e 1979 - que ele nega ter cometido -, vivesse em liberdade no Brasil desde então.

No entanto, desde a chegada de Temer ao poder, em 2016, a estadia de Battisti no país começou a cambalear. O atual presidente, cujo mandato termina em 1º de janeiro, expressou o desejo de extraditar o italiano, embora sempre às custas de uma decisão do Supremo nesse sentido.

Desta forma, com a ordem de detenção determinada por Fux, o Temer assinou o decreto de extradição de Battisti, que foi membro da organização Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), um braço das Brigadas Vermelhas, à espera que a detenção se materialize.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também se pronunciou na mesma linha e prometeu ao governo italiano que trabalhará para a extradição do ex-ativista de esquerda, considerado terrorista no país de origem.

"Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!", afirmou Bolsonaro pelo Twitter, em resposta a um tweet do ministro do Interior italiano, Mateo Salvini.

A polícia continua com as buscas, mas até o momento não há nenhuma pista sobre o paradeiro de Battisti. O advogado do italiano, Igor Tomasauskas, também diz desconhecer a localização do cliente desde antes da prisão ser decretada.