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Governo britânico não vai permitir debate de moção trabalhista contra May

18/12/2018 10h22

Londres, 18 dez (EFE).- O governo conservador do Reino Unido descartou nesta terça-feira conceder tempo parlamentar para debater e votar a moção de censura apresentada ontem à noite pelo Partido Trabalhista contra a liderança da primeira-ministra, Theresa May.

Um porta-voz do governo britânico reiterou que "não concederá tempo para este blefe" e pediu aos trabalhistas que apresentem, se assim quiserem, uma moção de censura em toda regra ao conjunto do governo.

Em um desafio à oposição, a fonte afirmou que só será reservado tempo parlamentar, tal como exige a lei de legislaturas de prazo fixo de 2011, "se os trabalhistas apresentarem uma moção de acordo com essa legislação", ou seja, contra o governo "tory" em seu conjunto.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, propôs ontem uma moção contra May a título pessoal por sua gestão do Brexit, que, se fosse aprovada, não provocaria a queda do governo, mas serviria meramente para erodir a reputação e a autoridade da dirigente.

Segundo a lei de 2011, uma moção de censura convencional deve ser votada na Câmara dos Comuns e, se for aprovada, teria o efeito de derrubar o governo e poderia levar a eleições gerais.

Depois de fracassar em sua primeira estratégia, Corbyn deve decidir agora se promove uma moção completa contra o governo conservador, algo que até agora não quis fazer com pleno conhecimento de que perderia, apesar das pressões de outros grupos da oposição.

Os trabalhistas indicaram que apresentariam tal moção caso o parlamento rejeite o acordo para a saída da União Europeia (UE) proposto por May, que será votado na semana de 14 de janeiro.

O porta-voz trabalhista da Câmara, John Healy, insistiu hoje que a moção será apresentada "quando estiver claro que o governo fracassou totalmente".

"É uma questão de quando, e não de se vamos nos mexer para confrontar o governo com uma moção de censura", disse Healy à "BBC".

O partido acredita que, se o acordo for rejeitado, alguns deputados "tories" e seus sócios parlamentares do DUP norte-irlandês poderiam apoiar a moção trabalhista, que é o último recurso com o qual conta a oposição para forçar a saída de um governo.

Os partidos minoritários SNP (Escócia), os liberais-democratas, o Plaid Cymru (País de Gales) e o Partido Verde pressionam Corbyn para que apresente o mais rápido possível uma moção completa, com o objetivo de que, se for rejeitada, os trabalhistas passem a apoiar a realização de um segundo referendo de Brexit.