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Canadense detido na China não tem acesso aos advogados, segundo emissora

21/12/2018 14h16

Toronto, 21 dez (EFE).- Michael Kovrig, um dos canadenses detidos na China em possível represália pela detenção no Canadá da diretora financeira da Huawei, está sendo interrogado diariamente e sem acesso aos advogados, segundo informou nesta sexta-feira a emissora pública canadense "CBC".

A emissora divulgou que Kovrig, um diplomata canadense em que estava na China trabalhando para a ONG International Crisis Group, só pode receber uma visita consular ao mês e que não pode apagar as luzes da cela durante a noite.

Kovrig e o empresário canadense Michael Spavor foram detidos pelas autoridades chinesas e acusados de colocar em perigo a segurança nacional do país, depois que o Canadá deteve Meng Wanzhou, a diretora financeira da Huawei, a pedido dos Estados Unidos.

Meng foi detida no dia 1º de dezembro em Vancouver, quando fez escala na cidade canadense a caminho do México, depois que as autoridades do Canadá solicitaram a sua extradição. Os EUA afirmam que Meng cometeu fraude para violar as sanções comerciais impostas pelo governo americano ao Irã.

O diretor de ICG, Hugh Pope, afirmou a CBC que a China não está permitindo que Kovrig tenha acesso ao seu advogado e solicitou "seu libertação imediata e que pelo menos que se lhe permita acesso consular regular e reunir-se com o seu advogado".

Segundo "CBC", Kovrig só foi visitado pelos representantes consulares canadenses uma vez, que consistiu em uma reunião de 30 minutos com o embaixador do Canadá em Pequim e outros dois diplomatas canadenses na sexta-feira passada.

O jornal "The Toronto Star" afirmou nesta sexta-feira que 200 canadenses estão detidos na China atualmente por diversos motivos, a maioria por pequenos delitos como embriaguez em público, consumo de drogas ou problemas com vistos. Muitos dos detidos são pessoas com dupla cidadania (chinesa e canadense).

A publicação indicou que a quantidade de cidadãos canadenses sob custódia chinesa pode ser uma das razões pelas quais o Canadá decidiu não criticar publicamente as autoridades da China pelas detenções de Kovrig e Spavor.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, defendeu as tentativas das autoridades canadenses de diminuir a tensão com a China, apesar da detenção de cidadãos em aparente represália pela detenção de Meng.

"Às vezes, politizar ou amplificar o nível de discurso público pode ser satisfatório no curto prazo, mas não contribuirá para o resultado que todos queremos, que é que os canadenses tenham certeza", explicou Trudeau. EFE