Topo

Turquia confirma operação contra curdo-sírios após saída dos EUA

25/12/2018 10h27

Ancara, 25 dez (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, declarou nesta terça-feira que o Exército turco iniciará em breve uma operação contra as milícias curdo-sírias no norte da Síria, mas que dará esse passo após a saída das tropas dos Estados Unidos.

"Com a retirada dos EUA, o sonho das (milícias curdas) YPG de criar um estado independente acabou", afirmou Çavusoglu em encontro com a imprensa em Ancara.

O diplomata se referiu assim às Unidades de Proteção do Povo (YPG), milícias laicas aliadas dos EUA na luta contra os jihadistas na Síria, mas consideradas terroristas pelo governo turco devido aos vínculos com o PKK, a guerrilha curda ativa na Turquia.

As conquistas territoriais das YPG no norte da Síria levantaram receios em Ancara sobre a possibilidade de alcançarem algum tipo de status autônomo e que isso tenha um impacto nas reivindicações dos cerca de 15 milhões de turcos de etnia curda.

A Turquia enviou reforços militares à fronteira com a Síria e a zonas do noroeste desse país controlado por milícias árabes pró-Turquia, especialmente nos arredores da cidade de Manbij, de onde a Turquia insistiu que as YPG devem se retirar.

"Se a Turquia diz que vai entrar em Manbij, entrará. Mas estamos coordenando isso com o processo de retirada dos EUA. Continuamos mantendo contatos diplomáticos (com os Estados Unidos) e falamos sobre as condições da retirada", comentou o chefe da diplomacia turca.

Manbij é uma cidade estratégica controlada pelas YPG desde 2016, quando expulsaram o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), com ajuda dos EUA e da coalizão internacional.

Um comandante do chamado Exercito Livre Sírio disse à Efe que a ofensiva contra as milícias curdas começará provavelmente no mês de janeiro.

As relações entre EUA e Turquia ficaram tensas nos últimos meses devido ao apoio americana a milícias curdas que o governo curta considera "terroristas" e as quais tinha ameaçado aniquilar.

"Talvez tenhamos resolvido esse problema a partir de suas raízes com a retirada dos EUA da Síria", afirmou Çavusoglu sobre as relações entre Turquia e EUA.

O ministro turco também se referiu à presença de tropas francesas no nordeste da Síria, em regiões sob controle das YPG.

"Não é nenhum segredo que a França está apoiando as YPG, mas não temos informação que tenham enviado tropas adicionais. Se ficarem para contribuir para o futuro da Síria, então ok, mas se ficarem para proteger as YPG, não será benéfico para ninguém", disse Çavusoglu. EFE