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Centro-direita chega a acordo para governar Andaluzia após 36 anos de PSOE

27/12/2018 15h55

Sevilha (Espanha), 27 dez (EFE).- O Partido Popular (PP, centro-direita) e o Ciudadanos (liberais) chegaram a um acordo para presidir o parlamento regional da Andaluzia e governar em coalizão esta comunidade autônoma da Espanha, que foi administrada pelo Partido Socialista e Operário Espanhol (PSOE) durante 36 anos ininterruptos.

A deputada do Ciudadanos, Marta Bosquet, foi escolhida nesta quinta-feira como presidente do parlamento regional, e o líder do PP na Andaluzia, Juan Manuel Moreno, será previsivelmente o novo chefe do governo autônomo dentro de algumas semanas com um programa político estipulado entre os dois partidos.

"Demos um passo definitivo e determinante para a constituição de um novo governo na Andaluzia e para a almejada mudança política reivindicada por uma maioria de andaluzes", disse Moreno nesta quarta-feira.

Bosquet foi apoiada pelos 59 deputados dos partidos PP, Ciudadanos e Vox (partido de extrema-direita), ou seja, a maioria absoluta das 109 cadeiras da câmara legislativa andaluza, constituída hoje após as eleições regionais de 2 de dezembro.

O Vox não assinou o acordo mencionado entre conservadores e liberais, mas votou em favor de Bosquet após receber garantias de que terá representação na Mesa do Parlamento, o órgão de governo, onde os três partidos somarão maioria.

PP e Ciudadanos também necessitam dos votos do Vox para propor o chefe do governo regional andaluz, já que os dois partidos sozinhos não somam o número de deputados necessários.

Esse fato vem sendo duramente criticado pelo PSOE e pela coalizão eleitoral de esquerda Avante Andaluzia, que rejeita frontalmente os princípios ideológicos do Vox.

O líder do Ciudadanos na Andaluzia, Juan Marín, insistiu hoje que seu partido "somente" assinou um acordo programático e parlamentar com o PP, ao qual depois "se juntou o Vox", mas fez questão de agradecer à legenda de extrema-direita.

Agora, Bosquet falará com todos os partidos parlamentares para propor um candidato a presidente de governo regional, previsivelmente Moreno, que terá que se submeter à confiança do parlamento em uma votação.

O PSOE governou ininterruptamente a Andaluzia desde 1982, ano das primeiras eleições autônomas desde a ditadura franquista (1939-1975).

Na última legislatura, os socialistas conseguiram governar com apoio parlamentar do Ciudadanos, mas, nas últimas eleições regionais, o partido de esquerda só conseguiu eleger 33 deputados (14 a menos do que tinha antes), enquanto os liberais obtiveram 21 (12 a mais que na última legislatura).

Já o PP somou 26, o Avante Andaluzia (Podemos e Esquerda Unida) conseguiu 17 e o Vox entrou pela primeira vez no parlamento andaluz com 12 deputados.

De acordo com alguns analistas, o desgaste político do PSOE por tantos anos no poder, casos de corrupção que atingem membros do alto escalão de governos anteriores e questões nacionais como o desafio independentista catalão e a imigração irregular tiveram grande influência no resultado eleitoral.

No parlamento nacional, PP e Ciudadanos fazem oposição ao atual chefe do Poder Executivo, o socialista Pedro Sánchez. EFE