Topo

Em mensagem de fim de ano, Macron defende reformas e pede "paciência"

31/12/2018 19h25

Paris, 31 dez (EFE).- O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta segunda-feira as reformas implantadas pelo seu governo desde sua chegada ao poder e se mostrou compreensivo com quem critica as mudanças, mas pediu paciência porque "os resultados" não podem "ser imediatos".

No tradicional discurso à nação de fim de ano, o chefe de Estado francês disse ter entendido uma mensagem na "cólera" expressada pelos "coletes amarelos": "Não nos resignamos".

Após um ano e meio de mandato, Macron fez frente a seis meses de crises continuadas que deixaram sua popularidade em níveis mínimos - só 27% dos franceses tem uma opinião positiva dele, segundo a última pesquisa do instituto BVA -, mas hoje defendeu a reforma trabalhista e do setor ferroviário.

"Assentamos as bases de uma estratégia ambiciosa para melhorar (...), mas os resultados não podem ser imediatos e a impaciência, que compartilho, não poderia justificar nenhuma renúncia", afirmou.

"Deixemos de menosprezar-nos ou de crer que a França é um país no qual a solidariedade não existe ou no qual seria preciso gastar ainda mais. Podemos fazer melhor e devemos fazer melhor", acrescentou.

Em mensagem gravada no Palácio do Eliseu, Macron falou de pé - gesto pouco visto neste tipo de discurso - e disse entender a denúncia ao sistema feita pelos "coletes amarelos" ao lembrar que ele mesmo foi criado "em províncias" longe de Paris, transformada também em alvo de críticas dos manifestantes.

Há um ano, no mesmo discurso aos franceses, Macron prometia "um grande projeto social" e apresentava 2018 como "o ano da coesão da nação", palavras que agora soam como um primeiro fracasso.

Macron chegou ao poder disposto a manter o governo firme e não ceder à pressão popular - algo que criticou nos seus antecessores como fator dos seus fracassos -, mas ele mesmo teve que claudicar em alguns dos seus anúncios após quatro semanas de intensos protestos.

Mesmo assim, o presidente francês tentou mostrar-se hoje positivo e invocou a esperança entre um dos seus três desejos para o ano que começa: "Verdade, dignidade e esperança".

Além disso, anunciou que nos próximos dias se dirigirá aos franceses em carta para iniciar "o grande debate nacional" que prometeu no início do mês, para fazê-los partícipes das mudanças. EFE