Vizcarra avalia medidas contra destituição de promotores do caso Odebrecht
Lima, 1 jan (EFE).- O presidente do Peru, Martín Vizcarra, avaliará nesta terça-feira com seus ministros as possíveis medidas que seu governo tomará contra a destituição dos dois principais promotores que investigam o caso Odebrecht, que foi anunciada ontem pelo procurador-geral do país, Pedro Chávarry.
Em breves declarações a jornalistas no Palácio de Governo de Lima, Vizcarra reiterou a rejeição expressada horas antes nas redes sociais à cassação de Rafael Vela e José Domingo Pérez, "promotores que estão analisando temas extremamente importantes de luta contra a corrupção".
"Não estamos de acordo. Temos que atuar estritamente sob as leis e a Constituição", declarou Vizcarra, que antecipou seu regresso a Lima após ter viajado ao Brasil para acompanhar a posse de Jair Bolsonaro como presidente.
O governante peruano adiantou que nesta mesma tarde se reunirá com vários ministros para estudar eventuais medidas contra a decisão do procurador-geral, com o qual mantém um enfrentamento após ter exigido reiteradamente sua renúncia por conta de seus nexos com uma ampla rede de corrupção descoberta nas altas esferas do Judiciário.
Vizcarra, que desfraldou a bandeira da luta anticorrupção desde que assumiu o cargo em março desse ano, esclareceu que qualquer medida respeitará as leis e a independência de poderes determinada na Constituição.
Além disso, lembrou que seu governo denominou 2019 como o ano da "consolidação da democracia e do fortalecimento da luta contra a corrupção", razão pela qual lamentou que este comece com a notícia da destituição dos promotores.
O argumento usado por Chávarry para cassar os promotores é que vulneraram os princípios de hierarquia dentro da Procuradoria-Geral e de segredo das investigações.
No entanto, o anúncio aconteceu a poucos dias que a equipe especial que era liderada por Vela assinasse um acordo de delação premiada com a Odebrecht, o que permitiria dar um forte respaldo às investigações, e cuja assinatura, prevista para o dia 11, pode ficar agora no ar.
Recentemente, as investigações conduzidas pelo promotor Pérez permitiram pôr contra as cordas a líder opositora Keiko Fujimori e o ex-presidente Alan García, as duas principais figuras da direita populista peruana.
Keiko Fujimori está detida em prisão preventiva por supostamente lavar o dinheiro de uma doação de US$ 1 milhão da Odebrecht para financiar suas campanhas eleitorais, e García está proibido de sair do país por 18 meses enquanto se averigua o pagamento de uma conferência feito da conta oculta com a qual a construtora brasileira pagava subornos.
O Peru é um dos 12 países da América Latina onde a Odebrecht reconheceu ter pagado subornos milionários para adjudicar grandes contratos de obras públicas, e as investigações também envolvem os ex-presidentes Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.
Os subornos aconteceram entre 2005 e 2014, acompanhados supostamente de grandes doações de dinheiro aos principais líderes políticos para financiar suas campanhas eleitorais à presidência do Peru. EFE
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