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Somália declara enviado especial da ONU como 'persona non grata'

02/01/2019 08h49

Mogadíscio, 2 jan (EFE).- O governo da Somália declarou o representante especial da ONU no país, Nicholas Haysom, como "persona non grata", impedindo o diplomata de atuar no país, informaram nesta quarta-feira veículos de imprensa locais.

Haysom tinha sido nomeado para o cargo em setembro deste ano pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e também dirigia a Missão da ONU no país (UNSOM).

O governo somali o acusa de "violar os protocolos" e "interferir deliberadamente" na soberania e nos assuntos da Somália, segundo um comunicado divulgado ontem pelo Ministério das Relações Exteriores.

O anúncio acontece pouco depois de Haysom ter exigido em carta às autoridades do país respostas, de um ponto de vista legal, para a detenção de Mukhtar Robow, ex-líder do Al Shabab e candidato à presidência na região do Sudoeste.

Nessa mesma carta, o representante especial para a Somália perguntava ao governo se as forças apoiadas pela ONU estavam ou não envolvidas na morte de pelo menos 11 pessoas, entre militares e manifestantes, durante os protestos pela detenção de Robow na capital regional de Baidoa.

As eleições da região Sudoeste despertaram interesse internacional quando Robow, um dos fundadores do Al Shabab e antigo porta-voz do grupo jihadista, anunciou sua candidatura.

O anúncio do ex-jihadista, de 49 anos e oriundo da citada região, aconteceu após a proibição por parte do governo central, que a comissão eleitoral regional finalmente aprovou no último dia 5 de novembro.

O ex-terrorista deixou Al Shabab em 2012 por divergências ideológicas e se entregou ao Governo Federal da Somália em 2017, ano em que os Estados Unidos retiraram uma recompensa de US$ 5 milhões por sua captura.

A Somália vive em um estado de guerra e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre, o que deixou o país sem governo efetivo e nas mãos de milícias islamitas e senhores da guerra.

O Al Shabab, que anunciou em 2012 sua adesão à rede terrorista internacional Al Qaeda, controla parte do centro e do sul do território somali e pretende instaurar um estado islâmico wahhabista na Somália. EFE