Fujimorismo elogia promotores por ainda não assinar acordo com Odebrecht
Lima, 3 jan (EFE).- O porta-voz do partido fujimorista Força Popular, Carlos Tubino, elogiou nesta quinta-feira as autoridades judiciais peruanas por ainda não assinar o acordo de leniência com a construtora brasileira Odebrecht.
"É melhor que não seja assinado ainda, porque tanto (os promotores) Rafael Vela como Domingo Pérez chegaram a um acordo que é prejudicial para o Peru", afirmou Tubino na emissora "RPP Notícias".
O congressista disse que esse acordo, que foi anunciado no último mês de dezembro, não beneficiava seu país, em referência aos US$ 184,8 milhões que compreende em compensação econômica, estipulada pela empresa, a promotoria e o Ministério Público peruano.
O fujimorismo sempre manteve uma posição crítica em relação a esse acordo, com o argumento de que a compensação econômica prevista é ínfima quando comparada aos milhões de dólares que a Odebrecht obteve com as licitações de obras que ganhou no país por meio de subornos e tratos ilegais.
No entanto, tanto os promotores que investigam o caso como opositores ao fujimorismo assinalam que sua intenção é bloquear a entrega de novas provas contra a líder do partido, Keiko Fujimori, que atualmente cumpre 36 meses de prisão preventiva por suposta lavagem de dinheiro.
A investigação do suposto financiamento irregular das campanhas eleitorais de Keiko em 2011 e 2016 compreende o US$ 1 milhão que a Odebrecht confessou que repassou para financiar a líder do partido Força Popular.
O promotor peruano José Domingo Pérez, membro da equipe especial que investiga o caso Odebrecht em seu país, anunciou hoje que já não será assinado no dia 11 de janeiro o acordo de leniência com a Odebrecht, em decorrência da crise gerada no Ministério Público do Peru.
Pérez disse que esta suspensão da assinatura do acordo se deve aos atrasos gerados pela decisão do procurador-geral peruano, Pedro Chávarry, de destituir ele e o chefe da equipe que investiga o caso, Rafael Vela.
Chávarry anunciou essa medida no último dia 31 de dezembro, a poucas horas da festa do ano novo, mas, diante da grande rejeição política e popular gerada por sua decisão, voltou atrás nesta quarta-feira e reconduziu os promotores a seus postos.
O jornal "El Comercio" afirmou que Vela se reúne hoje com representantes da Odebrecht para definir o novo cronograma de interrogatórios no Brasil e que a proposta é que as diligências sejam realizadas até o final deste mês.
A equipe de promotores peruanos alcançou um acordo de leniência com a Odebrecht em dezembro, pelo qual a empresa se comprometeu a entregar informação e documentação relevante sobre o pagamento de subornos e a entrega de repasses a funcionários e políticos peruanos.
Como parte desse acordo, foram programados interrogatórios no Brasil relacionados a investigações sobre os ex-presidentes Alan García e Alejandro Toledo, a ex-primeira-dama Nadine Herédia e a ex-prefeita de Lima, Susana Villarán.
As investigações do caso Odebrecht no Peru também envolvem os também ex-presidentes Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.
Até agora, a Odebrecht reconheceu ter pagado milionários subornos no Peru entre 2005 e 2014, acompanhados de doações de dinheiro aos principais líderes políticos para financiar suas campanhas eleitorais à presidência do país. EFE
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