Paróquia se transforma em refúgio para requerentes de asilo em Madri
Sol Carreras.
Madri, 3 jan (EFE).- Em uma única noite, mais de 30 pessoas requerentes de asilo chegaram a se hospedar na paróquia de San Carlos Borromeo, em Madri, que se transformou em um local de referência para quem procura refúgio na capital espanhola e enfrenta a falta de recursos dos governos e das ONGs.
Entre elas está Yeneth, que desembarcou em Madri no último dia 4 de novembro após fugir de El Salvador com seu marido, sua filha de dez anos e seu filho de 16.
A família reservou seis noites em um hotel, mas passou uma delas dormindo na rua para tentar entrar em primeiro na fila que se forma em frente a uma delegacia da Polícia Nacional para obter o documento que inicia o processo de solicitação de asilo.
"Nós conseguimos, mas essa noite foi terrível, minha filha dormiu no chão coberta com tudo o que tínhamos. Os demais ficamos acordados, mas passando um frio horrível", contou.
Após conseguirem o documento, sua preocupação seguinte foi encontrar um alojamento. Procuraram os serviços municipais de Madri e várias ONGs, mas em nenhum caso havia vagas disponíveis, o que os obrigou a voltar a passar duas noites na rua.
Por recomendação de uma funcionária de uma ONG, acabaram pedindo ajuda na paróquia de San Carlos Borromeo, no bairro de Vallecas, onde dormiram "cinco ou seis noites" antes de serem transferidos a um centro de amparo da Cruz Vermelha, no qual permanecem atualmente.
Esta paróquia se transformou em um ponto de referência para os requerentes de asilo, especialmente de países latino-americanos.
Em uma única noite, mais de 30 pessoas nesta condição chegaram a dormir no local, indicado inclusive por assistentes sociais da prefeitura de Madri.
"Chegaram até nós pessoas com um bebê de colo que vieram da rua", lamentou uma voluntária.
Ao longo do ano, a chegada de requerentes de asilo à paróquia foi contínua, com um pico no início de 2018 de jovens africanos e outro no segundo semestre com famílias procedentes de países como Colômbia, Venezuela e El Salvador.
De janeiro até o final de setembro houve um total de 15.807 solicitações de asilo na região de Madri, enquanto em todo o ano de 2017 houve 11.233, segundo números do Ministério do Interior.
A prefeitura de Madri afirma que não tem "nenhum tipo de competência" no atendimento a estas pessoas e que tal questão é um assunto que corresponde ao Ministério de Trabalho, Migrações e Seguridade Social.
Fontes da pasta explicam que em Madri há 1.243 vagas temporárias de amparo e outras 300 de primeiro acolhimento, que podem ser atribuídas aos solicitantes de proteção internacional que atestem esta condição e sua necessidade.
Caso estes recursos sejam insuficientes, o Ministério encaminha os requerentes de asilo à prefeitura de Madri ou à própria paróquia de San Carlos Borromeo, com a qual colaboram uma assistente social e uma advogada que presta assistência jurídica.
Além disso, começou a funcionar na paróquia um grupo de voluntários formados por professores aposentados que dão aulas para menores enquanto avançam os trâmites para sua escolarização.
"Estão em um ambiente onde socializam e se sentem bem porque compartilham seus conhecimentos e experiências", disse María (nome fictício), requerente de asilo procedente de El Salvador cujos filhos de nove e 13 anos frequentam estas aulas.
María não chegou a passar nenhuma noite hospedada na paróquia com sua família, mas considera o lugar um refúgio para pessoas que, como no seu caso, estão em um "limbo" e "não sabem onde ir".
"Serve como tratamento. Você se sente amparado", comentou a salvadorenha. EFE
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