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Igreja russa chama decreto assinado em Istambul de "pedaço de papel"

25.mai.2010 - O patriarca Bartolomeu 1º de Constantinopla visita o Kremlin durante reunião em Moscou, na Rússia - Dmitry Astakhov, Sputnik, Government Pool Photo via AP
25.mai.2010 - O patriarca Bartolomeu 1º de Constantinopla visita o Kremlin durante reunião em Moscou, na Rússia Imagem: Dmitry Astakhov, Sputnik, Government Pool Photo via AP

05/01/2019 11h22

Moscou, 5 jan (EFE).- O "tomo" (decreto) assinado neste sábado em Istambul pelo patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e que outorga independência à Igreja Ortodoxa Ucraniana, é um "pedaço de papel" que "carece de valor canônico", segundo a Igreja Ortodoxa Russa.

Um dos porta-vozes do Patriarcado de Moscou, Vladimir Legoida, afirmou em seu canal do serviço de mensagem Telegram que o "tomo" foi assinado em violação de todas as regras e por isso carece de "todo valor canônico".

Legoida acrescentou que os fiéis devem pensar agora na proximidade do Natal ortodoxo, celebrado em 7 de janeiro, e não em um documento que é fruto das ambições "políticas e pessoais" dos dirigentes ucranianos.

O porta-voz afirmou que o Natal chegará "apesar dos esforços de alguns políticos ucranianos para roubá-lo com ajuda do patriarca de Constantinopla".

Por sua vez, o arcebispo Hilarion, chefe de relações exteriores da Igreja Ortodoxa Russa, comparou a situação com o Grande Cisma de 1054 e advertiu que o conflito atual pode se prolongar "por décadas e inclusive séculos".

As atuais tensões explodiram depois que o Patriarcado universal de Constantinopla (atual Istambul) anulou em outubro de 2018 o "tomo" que vinculava a Igreja ucraniana à russa desde 1686.

Posteriormente, a Ucrânia realizou um concílio de unificação no qual proclamou sua independência do Patriarcado de Moscou e nomeou seu novo líder, Epifanyj (Dumenko), de 39 anos.

Amanhã, 6 de janeiro, Epifanyj receberá de mãos do patriarca Bartolomeu I o decreto que concede a autocefalia à recém-criada Igreja ucraniana, cuja assinatura aconteceu neste sábado na Catedral de São Jorge, em Istambul. EFE