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Protestos de "coletes amarelos" acabam em confrontos na França

05/01/2019 19h54

Paris, 5 jan (EFE).- Os confrontos entre manifestantes e policiais marcaram o oitavo sábado seguido de protestos dos "coletes amarelos" em Paris e em outras cidades.

O ministro do Interior da França, Christophe Castaner, calculou em 50 mil os participantes, o que significa um claro aumento em relação aos 32 mil do protesto de 29 de dezembro, mas muito abaixo dos 282 mil que saíram às ruas em 17 de novembro, no auge do movimento. Em declarações ao canal "LCI", o ministro minimizou esse aumento e disse que "50 mil é um pouco mais do uma pessoa por município da França". Segundo ele, este movimento "não é representativo" no país.

Em Paris, onde de acordo com a Polícia os "coletes amarelos" reuniram 3.500 pessoas, o protesto começou sem incidentes, mas mudou o tom na parte da tarde quando a passeata passava entre a Prefeitura e a Assembleia Nacional. Perto do Museu d'Orsay, dezenas de pessoas tentaram sair do percurso e atravessar o Rio Sena pela Passarela Léopold Sedar Senghor, mas as forças da ordem impediram o acesso com o uso de gás lacrimogêneo.

A partir de então, grupos violentos passaram a atuar contra agentes com projéteis e queimando contêineres e veículos. Os incidentes se espalharam até o Boulevard Saint-Germain onde algumas pessoas montaram barricadas.

À noite, os tumultos chegaram aos bairros cortados pela Avenida Champs Elysee, onde, apesar da presença de policiais, contêineres e carros foram incendiados em ruas próximas. A Polícia indicou à Agência Efe que até às 19h30 (horário local, 16h30 em Brasília) 24 pessoas tinham sido detidas por envolvimento nos confrontos.

Um grupo de "coletes amarelos" participou de uma ação contra o Ministério de Relações com o Parlamento onde o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, estava com sua equipe. Todos foram retirados às pressas por uma porta na parte de trás do prédio. Para Griveaux, esse foi um ataque contra a República.

Hoje, também foram registrados conflitos nos protestos de cidades como Bordeaux (4.600 manifestantes e 12 detenções), Toulouse (2 mil manifestantes e barricadas), Lille (1 mil manifestantes e 42 detenções) e Rouen (1.500 manifestantes e detenções).

O aumento dos distúrbios e dos manifestantes com relação aos dois últimos protestos contrastou com a decisão do governo de reduzir o esquema de segurança. Ao todo, 4 mil agentes estavam destinados hoje para essa tarefa em toda a França, sendo 1 mil em Paris. No primeiro sábado de dezembro eram 89 mil policiais mobilizados.

O primeiro-ministro, Édouard Philippe, participou hoje à tarde de uma reunião sobre a crise com Castaner e vários responsáveis de segurança do país. EFE