Papa e ONGs pedem que governos ponham fim a odisseia de 49 imigrantes
Virgínia Hebrero.
Roma, 6 jan (EFE).- Enquanto governantes europeus fazem jogo de empurra sobre os imigrantes, o papa Francisco e organizações não governamentais (ONG) pediram neste domingo o fim da odisseia de 49 pessoas resgatadas por dois navios que estão no Mar Mediterrâneo à espera da aceitação de algum país.
"Há vários dias, 49 migrantes salvos no Mar Mediterrâneo estão a bordo de dois navios de organizações não governamentais, em busca de um porto seguro para desembarcar. Faço um apelo aos líderes europeus para que demostrem solidariedade concreta a essas pessoas", disse o papa, durante a oração do Angelus deste domingo.
Diante de milhares de fiéis que lotavam a Praça de São Pedro e que aplaudiram a sua fala, o pontífice, com voz firme, chamou a atenção para o caso, que se tornou uma crise. Atualmente, a questão está paralisada, e os dias passam sem que uma solução surja.
O caso envolve o navio da ONG Sea-Watch, que resgatou 32 imigrantes há 15 dias, entre os que eles três menores desacompanhados, duas crianças pequenas e um recém-nascido, e uma embarcação da Sea-Eye, que está com 17 imigrantes desde 29 de dezembro.
"Vamos acabar com esta violação insuportável do direito internacional e dos direitos fundamentais. Deixem eles descerem imediatamente!", escreveu a Sea Watch Italy na sua conta do Twitter, em um dramático pedido
A porta-voz na Itália da Sea Watch, Giorgia Linardi, por sua vez, criticou o que chamou de "jogo da União Europeia".
"Nos dizem: fique em Malta! Vá para a Itália! Entre no porto! Assim, como um jogo da UE! NÃO É FÁCIL. Nossas escolhas, certas ou erradas, sob forte pressão política e da mídia, são feitas na tentativa de proteger as pessoas a bordo e salvar outras", escreveu ela na mesma rede social.
À medida que os dias passam, as posições da Itália e de Malta, os dois países mais próximos dos navios no momento, ficam mais inflexíveis. Malta permitiu há poucos dias que os dois navios entrassem em suas águas para se protegerem do mau tempo, mas não permitiu o desembarque dos resgatados.
Hoje, o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, ressaltou o país não receberá imigrantes salvos por organizações humanitárias que outros países não querem.
"O governo deve encontrar um equilíbrio entre a proteção da vida humana e a proteção de Malta, evitando que seja ameaçada", afirmou ele, em entrevista à "One Radio".
O governo italiano, por outro lado, mantém a decisão de não abrir os portos à imigração ilegal, de acordo com a linha dura implantada por Matteo Salvini, o ministro de Interior, que se vangloria de ter reduzido drasticamente os desembarques.
"Ninguém chega à Itália. Os portos estão fechados! Proibidos. Tudo bem que Di Maio fale o que pensa... mas em matéria de imigração quem decide sou eu", insistiu Salvini hoje, depois que o seu parceiro no governo de coalizão, o líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi di Maio, propôs receber dez imigrantes: mulheres e crianças.
Os dois vice-presidentes do governo criticaram os seus parceiros da União Europeia pelo desinteresse no assunto e por passarem toda a carga para a Itália. Para di Maio, receber dez crianças e mulheres representaria "uma bofetada moral na Europa, e em Malta".
Apesar do impasse, o pedido do papa foi elogiado por várias vozes, entre elas a do líder partido de esquerda Livres e Iguais, Nicola Fratoianni.
"Como um não crente, obrigada, papa, por suas palavras sobre o martírio dos 49 migrantes", disse.
E o prefeito de Nápoles, Luigi de Magistris, que vem oferecendo a sua cidade para que os imigrantes desembarquem, em claro desafio à postura de Salvini, continua esperando. EFE
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