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Cambodja lembra 40° aniversário da queda do regime do Khmer Vermelho

07/01/2019 09h06

Bangcoc, 7 jan (EFE).- Milhares de cambojanos lembraram nesta segunda-feira do 40° aniversário da queda do regime do Khmer Vermelho, responsável pela morte de cerca de dois milhões de pessoas, data que o primeiro-ministro Hun Sen qualificou como o "segundo nascimento" do Cambodja.

Cerca de 70 mil pessoas compareceram ao estádio Olímpico de Phnom Penh onde aconteceu o grande ato que lembrou a entrada das tropas vietnamitas na capital em 7 de janeiro de 1979 e que supôs o fim da utopia agrária liderada por Pol Pot e iniciada em abril de 1975.

"O povo do Cambodja chama 7 de janeiro de 1979 de seu segundo nascimento. Sem a vitória de 7 de janeiro, hoje não teríamos nada. Esta é a verdade história que nenhum humano ou força pode distorcer ou destruir", disse Hun Sen em seu discurso, segundo o portal pró-governo "Freshnews".

Durante o ato desfilaram figurantes vestidos com trajes tradicionais e outros representando os progressos do país, enquanto o público que encheu as arquibancadas do estádio portava cartazes que formavam a bandeira nacional e desenhavam a figura da pomba da paz.

Milhares de pessoas também portavam bandeiras do governamental Partido do Povo do Cambodja (PPC), herdeiro do governo instalado por Hanói em 1979 e liderado por ex-Khmer Vermelhos que desertaram e contribuíram para derrubar o regime, entre eles Hun Sen.

O líder disse que a jornada deve ser um tributo aos heróis cambojanos mortos e aos voluntários vietnamitas que ajudaram a derrubar o regime de Pol Pot e evitar seu retorno durante a guerra civil que a guerrilha comunista manteve por mais de uma década desde suas fortificações na fronteira com a Tailândia.

O dia 7 de janeiro é controverso no Cambodja, onde a oposição o considera como o início da ocupação do país por parte do Vietnã, o adversário ancestral, e acusa Hun Sen e o PPC de cúmplices.

A oposição advoga a favor de 23 de outubro de 1991, data na qual as diversas facções cambojanas assinaram os acordos de paz em Paris que dois anos mais tarde permitiram a realização de eleições democráticas organizadas pela ONU.

O Khmer Vermelho não participou desse pleito e acabou dissolvido após os acordos de distintas facções com o governo de Phnom Penh, a última delas em dezembro de 1998, poucos meses depois da morte de Pol Pot.

A dissolução da guerrilha coincidiu com as negociações entre o governo cambojano e a ONU para estabelecer o tribunal que julga os crimes do Khmer Vermelho.

Em novembro, a corte condenou à prisão perpétua os dois últimos líderes vivos do regime - o ex-número dois, Nuon Chea, e o ex-chefe de Estado Khieu Samphan - após declará-los culpados de genocídio e crimes contra a humanidade.

A primeira sentença foi ditada em julho de 2010 contra Kaing Guek Eav, conhecido como "Duch", a quem foi imposta uma condenação de 35 anos, elevada em apelação à prisão perpétua pela sua responsabilidade na tortura e morte de mais de 12 mil pessoas na prisão S-21. EFE