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Mianmar inicia ofensiva contra rebeldes no estado de Rakhine

07/01/2019 11h08

Yangun (Mianmar), 7 jan (EFE) - O governo de Mianmar anunciou nesta segunda-feira o início de uma ofensiva militar contra os rebeldes do Exército Arakan após a recente escalada de ataques no estado de Rakhine.

O presidente birmanês, Win Myint, deu instruções ao Tatmadaw - como são conhecidas as forças armadas birmanesas - para iniciar operações que "aniquilem" os insurgentes, afirmou em entrevista coletiva Zaw Htay, porta-voz do governo birmanês.

Htay advertiu à população local dos riscos dos ataques e lhes pediu que não apoiem o grupo rebelde, enquanto caminhões do exército com dezenas de soldados a bordo eram mobilizados em Yangun com destino a Rakhine, como pôde observar a Agência Efe.

Antes da entrevista coletiva, a líder de fato do governo birmanês, a conselheira de Estado e Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, se reuniu com o chefe das forças armadas, o general Min Aung Hlaing, na capital Naypyidaw.

Na sexta-feira passada, 13 policiais morreram e outros nove ficaram feridos em vários ataques coordenados do Exército Arakan contra quatro delegacias no estado de Rakhine (antigo Arakan), onde pelo menos 4.500 pessoas se viram deslocadas desde dezembro devido ao aumento das hostilidades entre as forças governamentais e os rebeldes, segundo dados das Nações Unidas.

Os rebeldes também capturaram durante sua ofensiva 14 oficiais, que mais tarde foram libertados.

O exército birmanês declarou no último dia 21 de dezembro um cessar-fogo durante 120 dias em todo o país, com a exceção de Rakhine.

O Exército Arakan, formado em 2009 para conseguir por meio da luta armada uma maior autonomia da minoria budista rakhine, a majoritária do estado de mesmo nome, é um dos diversos grupos rebeldes alçados em armas na Mianmar.

Dentro do complexo emaranhado de conflitos birmaneses, muitos rakhines também estão enfrentados com os rohingyas, uma comunidade de maioria muçulmana em Rakhine à qual as autoridades negam a cidadania e qualificam como "imigrantes bengaleses".

Mais de 723.000 rohingyas fugiram de Rakhine para Bangladesh desde agosto de 2017 devido a uma campanha militar do exército, que foi acusado de genocídio e limpeza étnica pela ONU.

Os militares birmaneses negam as acusações e insistem que as operações responderam a um ataque do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), um grupo guerrilheiro rohingya, contra 30 postos policiais em 25 de agosto de 2017.

Rakhine, que ocupa uma longa faixa litorânea no oeste do país, é uma região com ricos recursos naturais e uma boa situação geoestratégica, embora também com uma das maiores taxas de pobreza do país. EFE