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Exigência dos EUA de proteger milícias curdas na Síria é um erro, diz Erdogan

08/01/2019 10h33

Ancara, 8 jan (EFE).- O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, classificou nesta terça-feira como "grave erro" a exigência do assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, de que a Turquia garanta a segurança das milícias curdas na Síria, reiterando, pelo contrário, a determinação de combatê-las em uma grande ofensiva.

"É impossível que aceitemos a mensagem dada por Bolton", disse Erdogan em reação às declarações do assessor americano nos últimos dias.

"John Bolton cometeu um grande erro", considerou o chefe do Estado turco em discurso durante uma reunião do seu partido em Ancara, televisionada ao vivo, enquanto Bolton realizava reuniões com altos funcionários do país eurasiático.

Erdogan se referia assim às declarações feitas por Bolton durante sua visita a Israel neste domingo, onde disse que os Estados Unidos retirarão seus aproximadamente 2.000 soldados da Síria, mas podia garantir que a Turquia respeitaria as milícias curdas Unidades de Proteção do Povo (YPG), que até agora lutam junto às forças americanas contra o grupo Estado Islâmico (EI).

No entanto, a Turquia deixou claro que quer lançar uma operação no nordeste da Síria precisamente para expulsar ou aniquilar as YPG, que considera terroristas pelos seus vínculos com o proscrito Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda ativa na Turquia.

"Não podemos aceitar a mensagem que Bolton deu em Israel, é impossível tragá-la. Eles não sabem quem são os meus cidadãos curdos nem quem são as YPG e o PKK", garantiu Erdogan.

"As organizações terroristas do PKK e do PYD (braço político das YPG) nunca podem representar os meus irmãos curdos. Se os Estados Unidos acreditam que estes são nossos irmãos curdos, estão cometendo um muito grave erro", ressaltou o presidente turco.

"São terroristas, por isso não pode ser que nos digam 'Não toquem nestes curdos'. Aconteça o que acontecer, se são terroristas faremos o que for necessário. Nisso se equivoca muito John Bolton. Quem pensa assim está cometendo um grave erro", insistiu.

"Muito em breve iniciaremos uma operação em território sírio para neutralizar estas organizações terroristas", reiterou Erdogan.

A Turquia está há meses anunciando um envio de tropas ao nordeste da Síria, dominado pelas YPG, similar ao já realizado no noroeste desde 2016 e em Afrin desde o ano passado.

No entanto, nas últimas semanas Erdogan tinha assinalado que a operação seria adiada enquanto se negociasse a retirada das tropas americanas, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em dezembro. EFE