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Presidente sudanês promove manifestação para resistir a protestos opositores

09/01/2019 12h02

Cartum, 9 jan (EFE).- O presidente do Sudão, Omar al Bashir, reuniu seus seguidores nesta quarta-feira em uma grande manifestação na capital Cartum para apoiar seu governo e resistir aos protestos opositores que acontecem diariamente no país há três semanas.

Em um discurso acalorado diante de milhares de simpatizantes que lotaram o Jardim Verde, um dos principais lugares abertos da capital sudanesa, Bashir afirmou que seu governo conta com o apoio do povo do Sudão.

"Isto é uma mensagem a todos aqueles que acreditam que o Sudão vai se somar a outros países que colapsaram", proclamou Bashir a seus correligionários na passarela central de um palco montado no Jardim Verde.

Brandindo com energia o seu bastão o tempo todo, Bashir, de 75 anos, desafiou a oposição a se unir e disputar as eleições, previstas para 2020.

"A última decisão é do povo sudanês, nas urnas, mediante eleições livres e imparciais", afirmou o líder, que chegou ao poder em 1989 por meio de um golpe de Estado.

Sem citar ninguém concretamente, Bashir afirmou que "eles conspiram contra o Sudão" e querem "humilhar" o país para se apropriar de seus recursos econômicos e do petróleo, e assinalou que a dignidade do povo sudanês "vale mais que qualquer dólar".

Além disso, Bashir agradeceu o apoio demonstrado por China, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait a seu governo desde que começaram os protestos.

O líder também felicitou os presentes na manifestação pró-governo, que tremulavam bandeiras sudanesas, antes de se despedir dançando com desenvoltura uma típica canção sudanesa.

A oposição convocou para hoje novas manifestações para pedir a renúncia de Bashir, que acontecerão em Omdurman, cidade que está separada de Cartum pelo rio Nilo.

Os protestos, que tiveram como estopim a inflação e os problemas de abastecimento de alguns alimentos básicos, se repetem diariamente desde 19 de dezembro para exigir a queda do regime.

A polícia reprimiu as mobilizações com violência, utilizando inclusive munição real contra os manifestantes em diversas ocasiões.

Segundo cálculos da oposição, pelo menos 45 pessoas morreram, mais de mil ficaram feridas e cerca de 2 mil foram detidas ao longo das três semanas de protestos, de acordo com denúncias de grupos opositores.

O governo, por sua vez, admitiu a morte de 17 ativistas e de dois policiais, e informou que 816 manifestantes tinham sido detidos até a última segunda-feira. EFE