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Vice-primeiro-ministro búlgaro é denunciado por ofensas aos ciganos

09/01/2019 15h01

Sófia, 9 jan (EFE).- Uma ONG de defesa dos direitos dos ciganos apresentou nesta quarta-feira uma denúncia contra o vice-primeiro-ministro búlgaro, o ultranacionalista Krasimir Karakachanov, por usar o termo depreciativo "tsigani" para se referir a essa minoria.

"Os ciganos (tsigani) na Bulgária são extremamente arrogantes e a tolerância da sociedade búlgara está se esgotando", advertiu o político, usando um termo considerado depreciativo e ofensivo, frente a um mais neutro e aceito.

Karakachanov fez essas declarações na terça-feira na cidade de Voivodinovo, a cerca de 110 quilômetros de Sófia, onde no domingo passado dois búlgaros de etnia cigana deram uma brutal surra em um soldados, que foi hospitalizado com graves ferimentos na cabeça.

Após esse ataque, houve esforços de agressões por parte dos habitantes da cidade aos vizinhos ciganos, que foram evitados pela intervenção da polícia.

Karakachanov, ministro de Defesa e líder do ultranacionalista VMRO, membro da coalizão de Governo com os conservadores, acusou também os ciganos de pensar que só têm direitos e não obrigações.

"O povo não tolerará uma parte da população que só tem direitos e não quer entender que também tem obrigações e tem que respeitar a lei", afirmou o político.

Diante dessas palavras, a ONG Edinstvo apresentou hoje uma denúncia diante da Comissão Estatal de Proteção contra a Discriminação.

Karakachanov disse também que faz falta um plano integral para resolver o que chamou de "questão cigana" e propôs medidas que condicionem aos receptores as ajudas sociais ao emprego e à educação.

O vice-primeiro-ministro reafirmou hoje suas palavras e se perguntou diante dos veículos de imprensa "como é preciso chamar esta gente?".

"Há algum termo aprovado pela Igreja ou pela ONU? Disse muito diplomaticamente levando em conta que sou vice-primeiro-ministro porque, se não, ia dizer muitas coisas mais", acrescentou.

Depois do ataque de domingo, as autoridades anunciaram a demolição de 15 casas ilegais no bairro de maioria cigana de Voivodinovo, argumentando que não cumprem com as condições de segurança e sanitárias. EFE