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Conferência Episcopal discorda sobre vitória de Tshisekedi na RD do Congo

10/01/2019 13h37

Kinshasa, 10 jan (EFE).- A influente Conferência Episcopal Nacional da República Democrática do Congo (CENCO) se manifestou nesta quinta-feira em desacordo com a vitória do opositor Félix Tshisekedi nas eleições presidenciais de 30 de dezembro.

"A partir da análise dos elementos observados por esta missão, decidimos que os resultados da eleição presidencial publicados pela CENI (Comissão Eleitoral) não correspondem aos dados compilados pela nossa missão de observação nos centros de votação e apuração", declararam os bispos católicos.

A Igreja Católica contou com a maior missão de observação neste pleito, com mais de 40 mil observadores espalhados por todo o país, que finalmente aconteceu após dois anos de atraso e adiamentos contínuos.

Em comunicado, os líderes eclesiásticos afirmaram que sua apuração de votos dava como ganhador um candidato diferente, mas não especificaram sua identidade. Na semana passada, a CENCO já tinha advertido à CENI que publicasse os resultados "de acordo com a verdade e a justiça", pois já sabia quem seria o vencedor.

De acordo com fontes diplomáticas citadas por veículos de imprensa locais, o candidato ganhador destas eleições, segundo a CENCO, seria o opositor Martin Fayulu, líder da coalizão Lamuka ("Desperta", em idioma lingala).

A Igreja também pediu a todas as partes envolvidas "maturidade e que não recorram à violência", e sugeriu que os mesmos façam uso dos meios legais, de acordo com a Constituição e com a legislação eleitoral, caso desejem "denunciar esses resultados".

Segundo os resultados provisórios divulgados pela CENI, Tshisekedi obteve 38,57% dos votos, seguido de Faluyu (34,86%) e do governista e pupilo do presidente em fim de mandato Joseph Kabila, Emmanuel Shadary, com 23,84%.

Por sua vez, o governo francês também se mostrou hoje insatisfeito com a vitória de Tshisekedi, segundo o ministro de Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, que exigiu "esclarecimentos" e fez pedidos de calma.

Milhares de congoleses celebraram hoje nas ruas este novo início para a República Democrática do Congo, após uma votação atrasada por dois anos e marcada por erros técnicos, ausências de nomes em algumas listas eleitorais e demora na abertura das seções de votação em redutos da oposição.

A partir de hoje, os candidatos e partidos terão três dias para recorrer dos resultados provisórias no Tribunal Constitucional, que, por sua vez, terá mais uma semana para proclamar os resultados definitivos. EFE