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Pai de jovem saudita que fugiu para Bangcoc pede que filha volte para família

10/01/2019 08h42

Bangcoc, 10 jan (EFE).- O pai da jovem saudita que fugiu da família para Bangcoc e atualmente se encontra sob proteção da ONU pediu para ver sua filha e que ela retorne com sua família para casa, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira pelo chefe do Escritório de Imigração da Tailândia, Surachate Hakparn.

A saudita Rahaf Mohammed al Qunun, de 18 anos, evitou na segunda-feira a deportação após se trancar em seu quarto no hotel do aeroporto de Suvarnabhumi, em Bangcoc, e denunciar que sua família a tinha ameaçado de morte e submetido a tratamento humilhante.

Hakparn manifestou que o pai da jovem, que não teve o nome revelado, se reuniu com ele nesta quarta-feira "para perguntar se sua filha estava bem".

"Quer que cuidemos delas, sobretudo que garantamos sua segurança e que Acnur fale com sua filha para que retorne com eles", revelou Hakparn em entrevista coletiva.

O progenitor, identificado como um governador da Arábia Saudita, indicou que quer se encontrar com sua filha, mas para isso necessita que sua filha o autorize.

A jovem, que se encontra sob a proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e à espera de uma resposta da Austrália sobre um pedido de asilo, se negou a se encontrar com seu pai.

Rahaf Mohammed al Qunun chegou no sábado ao aeroporto de Suvarnabhumi procedente do Kuwait, onde aproveitou que as mulheres não necessitam de autorização de seus "guardiães masculinos" para viajar, como ocorre na Arábia Saudita.

A intenção era chegar à Austrália, onde queria pedir asilo, após afirmar que tinha apostatado ao Islã e que temia que sua família "a matasse" por isso.

A polícia e a Human Rights Watch (HRW) indicaram em a princípio que a jovem também seria obrigada a um casamento arrumado, mas o subdiretor da HRW na Ásia, Phil Robertson, disse à Agência Efe que este fato não foi confirmado.

A jovem afirmou que um empregado da companhia aérea Kuwait Airways confiscou seu passaporte assim que chegou à Tailândia e comunicou que, a pedido da embaixada da Arábia Saudita, ia ser obrigada a embarcar na segunda-feira em um voo de volta ao Kuwait, onde era esperada por seus parentes.

Al Qunun, que abriu uma conta no Twitter neste mês e publicou seu primeiro tweet no domingo, começou a escrever e postar vídeos na rede social, onde sua história viralizou e hoje sua conta já tem 124 mil seguidores.

A saudita se trancou na segunda-feira em seu quarto de hotel na zona de passagem do aeroporto e bloqueou a porta com colchões, por isso que o avião no qual estava previsto que fosse deportada saiu sem jovem a bordo.

As autoridades tailandesas sustentaram que a jovem tentou entrar no país, algo que ela nega, e que teve o visto negado, por isso que seria expulsa ao Kuwait, por ser o local desde onde chegou a Bangcoc.

No entanto, as autoridades do país permitiram que a jovem ficasse aos cuidados da Acnur e concederam entrada temporária no país.

Tailândia não é signatária da Convenção dos Refugiados da ONU de 1951, e foi criticada por enviar refugiados e solicitantes de asilo a países onde enfrentam perseguição e inclusive tortura.

Na Arábia Saudita, Al Qunun poderia ser processada por desobedecer aos guardiães masculinos, danar a reputação do país e inclusive apostatar, crime que é castigado com pena capital. EFE