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Jovem saudita que fugiu da família viaja ao Canadá para pedir asilo

11/01/2019 15h59

Bangcoc, 11 jan (EFE).- A jovem saudita que fugiu há quase uma semana para Bangcoc após escapar da sua família, que a acusou de negar o islã, partiu nesta sexta-feira em um voo para o Canadá, onde solicitará asilo como refugiada, informou a emissora "BBC".

Rahaf Mohammed al Qunun, de 18 anos, está sob a proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) desde a última segunda-feira, quando evitou ser deportada ao Kuwait após se trancar em seu quarto de hotel dentro do principal aeroporto de Bangcoc.

Ainda não se sabe por que seu destino foi o Canadá e não a Austrália, país ao qual o Acnur pediu na quarta-feira que acolhesse como refugiada a jovem que chamou a atenção do mundo após divulgar sua história no Twitter.

Não obstante, Rahaf também recebeu várias ameaças de morte, por isso hoje decidiu apagar seu perfil na rede social.

A jovem chegou no último sábado ao aeroporto de Suvarnabhumi em Bangcoc procedente do Kuwait, onde se aproveitou do fato de que as mulheres não precisam de autorização de seus "guardiões masculinos" para viajar, como acontece na Arábia Saudita.

Sua intenção era chegar à Austrália, onde queria pedir asilo, após afirmar que tinha renunciado ao islã e que temia que sua família "a matasse" por isso.

A jovem afirmou que um funcionário da companhia aérea Kuwait Airways confiscou seu passaporte assim que chegou à Tailândia e lhe informou que, a pedido da embaixada da Arábia Saudita, ela seria obrigada a embarcar em um voo de volta ao Kuwait, onde era esperada por seus familiares.

Rahaf, que criou um perfil no Twitter este mês e publicou seu primeiro tweet no último sábado, começou a postar textos e vídeos na rede social, onde sua história viralizou e passou de 28 para 134 mil seguidores em poucos dias.

A jovem saudita se trancou em seu quarto de hotel na zona de passagem do aeroporto e bloqueou a porta com colchões, por isso o avião no qual ela deveria retornar ao Kuwait decolou na segunda-feira sem ela a bordo.

As autoridades tailandesas alegaram que a jovem tentou entrar no país, algo que ela nega, e que seu visto foi recusado, por isso procederam com os trâmites para deportá-la de volta ao Kuwait, por ser o lugar de onde ela partiu para Bangcoc.

No entanto, as autoridades tailandesas finalmente aceitaram que ela ficasse sob responsabilidade do Acnur e permitiram sua entrada temporária no país.

A Tailândia não é signatária da Convenção dos Refugiados da ONU de 1951 e foi criticada por enviar refugiados e solicitantes de asilo de volta para países nos quais enfrentam perseguição e, inclusive, tortura.

Na Arábia Saudita, Rahaf poderia ser processada por desobedecer a seus guardiões masculinos, prejudicar a reputação do país e, inclusive, cometer apostasia ao renunciar ao islã, um crime que é punido com a pena capital. EFE