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Fechamento do governo gera onda de empatia de empresas e instituições dos EUA

13/01/2019 06h02

Lorenzo Castro e Francisco Miraval.

Miami (EUA), 13 jan (EFE).- O ingrato recorde do fechamento governamental mais longo dos Estados Unidos, que completa 23 dias neste domingo, despertou a empatia de empresas e instituições com os trabalhadores afetados, aos quais oferece descontos diversos ou planos de pagamento.

O fechamento de 25% do governo, uma situação que afeta 800.000 funcionários que deixaram de receber salários, motivou, além de protestos, a ação de grandes entidades financeiras e creditícias, como Chase, Bank of America e Wells Fargo, que ofereceram assistência financeira ou calendários especiais de pagamentos.

Da mesma maneira, as principais operadoras de telefonia e internet, entre elas Verizon, T-Mobile, AT&T e Sprint, informaram de opções flexíveis para os usuários afetados pelo fechamento parcial, a fim de que possam manter os serviços ativos.

O atual fechamento governamental, que superou o ocorrido durante 1995-1996 sob o mandato de Bill Clinton (1993-2001), teve sua origem na disputa entre o presidente Donald Trump e a oposição democrata no Congresso por conta de uma verba orçamentária de US$ 5,7 bilhões para edificar um muro na fronteira com o México.

Por enquanto, não há reflexos de um acordo que ponha fim à suspensão de certos serviços públicos e, diante desse quadro, em várias cidades do país são dezenas as organizações, instituições e lojas que anunciam entradas reduzidas, quando não gratuitas.

Os seus beneficiados são os funcionários federais que estão sem trabalhar desde o último dia 22 de dezembro e que na sexta-feira passada receberam, pela primeira vez desde a crise, o pagamento da sua quinzena sem nenhuma bonificação.

Em Miami, na Flórida, apenas com a apresentação de uma carteira de funcionário federal, museus como o Bass Museum of Art, o Wolfsonian-FIU e o Pérez Art Museum de Miami (PAMM) dão entradas gratuitas e inclusive, como no último dos citados, até possibilidades de emprego parcial "para ajudar-lhes a fechar a conta à medida que continua o fechamento", segundo informou em comunicado.

O Frost Science Museum, vizinho do PAMM e ambos situados no centro da cidade, também oferece entradas de graça, enquanto da marquise da fachada do Colony Theatre, na icônica Lincoln Road de Miami Beach, são anunciadas entradas livres para os empregados afetados pelo fechamento.

As instituições culturais com descontos semelhantes se multiplicam pelo país. Em Colorado, 23 museus oferecem entrada de graça aos funcionários federais, entre eles o Museu de Natureza e Ciência de Denver, enquanto a Orquestra Sinfônica deste estado lhes presenteia com duas entradas.

No Novo México, o Museu de Albuquerque e o Museu de Balões Aerostáticos não cobrarão entrada dos funcionários federais, e o mesmo será feito pelo Museu dos Grandes Lagos, em Toledo (Ohio).

Em certos casos as entradas gratuitas são apenas para o funcionário e um acompanhante, mas em outros é inclusive para toda sua família.

Algumas instituições indicaram que estes benefícios terminarão no final de janeiro, enquanto outras disseram que se estenderão até que se regularize a situação e sem importar quando o governo federal estará totalmente aberto.

O fechamento, por ora, não parece ter data para ser resolvido após a mensagem deste sábado de Donald Trump, que na sua conta no Twitter advertiu novamente que a paralisação do governo poderia prolongar-se por "um longo tempo".

Enquanto isso, no Aeroporto Internacional de Miami, o terminal G fechou pouco antes da uma da tarde de sábado, como consequência da redução de operações ordenada pelos seus diretores, diante da escassez de pessoal de segurança no controle de scanner.

"Fomos sequestrados por esta fantasia de Donald Trump, há milhares de trabalhadores cujos salários não serão devolvidos", disse Wendy Walsh, responsável da filial local do sindicato Unite Here, que aglutina um grande número de trabalhadores do setor da hotelaria.

Em declarações à Agência Efe, Walsh disse que no aeroporto de Miami há mil trabalhadores de lojas e outros estabelecimentos, muitos deles com um salário de US$ 8,5 por hora, que se perguntam o que acontecerá se o fechamento se estender por mais tempo.

"Esta é uma situação impossível e é absolutamente irresponsável", resumiu em entrevista coletiva a congressista representante de Miami, Donna Shalala. EFE