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China condena à morte cidadão canadense por tráfico de drogas

14/01/2019 15h12

Pequim, 14 jan (EFE).- Um tribunal da China condenou nesta segunda-feira à morte a cidadão canadense Robert Lloyd Schellenberg pelo crime de tráfico de drogas, uma sentença ditada em plena crise diplomática entre Pequim e Ottawa após a detenção da diretora financeira da Huawei no Canadá.

A agência estatal de notícias "Xinhua" anunciou a sentença e afirmou que todos os bens do acusado foram confiscados, sem proporcionar mais detalhes do julgamento, que gerou grande expectativa depois da ordem, no final de dezembro, da repetição do processo, ao considerar pouco severa a pena imposta de 15 anos pelo Tribunal Popular de Dalian.

Então, o promotor do caso recorreu da sentença ao assegurar que "as provas sugeriam que Schellenberg estava provavelmente envolvido em tráfico internacional de drogas e que desempenhava um papel-chave no tráfico de narcóticos", por isso que finalmente o tribunal decidiu repetir o julgamento.

Um relatório divulgado hoje pelo Tribunal de Dalian ao qual teve acesso o jornal independente "South China Morning Post" assegura que Schellenberg, de 36 anos, foi detido em 2015.

Segundo detalha o documento, Schellenberg contratou um tradutor em 2014 para realizar uma série de atividades, incluída a compra de pneus para ocultar metanfetamina para o contrabando, e, quando foi informado de que a polícia chinesa o estava investigando, tentou fugir para Tailândia.

Schellenberg, que poderá recorrer da sentença, rejeitou durante o julgamento as acusações feitas pelos promotores e insistiu que é "um turista incriminado por delinquentes", já que segundo explicou contratou esse tradutor por recomendação de um amigo e terminou envolvido em uma trama de tráfico de drogas internacional.

No entanto, o tribunal determinou que Schellenberg "é o principal culpado", segundo o relatório. "Conforme a lei penal da China, o tribunal o declarou culpado e o condenou à morte por tráfico de drogas e confiscará toda sua propriedade".

Segundo o Código Penal chinês, qualquer pessoa que trafique, importe, transporte ou manufature ópio em quantidades maiores a um quilo, heroína em quantidades maiores a 50 gramas ou outros narcóticos em grandes quantidades, deverá ser sentenciado a 15 anos de prisão, prisão perpétua ou morte, além de ter seus bens confiscados.

Em dezembro de 2009, a China executou o cidadão britânico Akmal Shaikh pelo tráfico mais de quatro quilos de heroína.

O julgamento aconteceu em um momento no qual as relações diplomáticas entre China e Canadá atravessam momentos de grande tensão, depois que o Canadá deteve, em 1 de dezembro, a diretora financeira da empresa tecnológica chinesa Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos.

Em aparente represália, a China deteve dias depois um ex-diplomata e um empresário canadenses embora, enquanto Meng desfruta agora de liberdade após ter pago fiança, ambos continuam sob custódia policial na China. EFE