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Hun Sen ameaça "matar a oposição" se UE impuser sanções ao Camboja

14/01/2019 08h36

Bangcoc, 14 jan (EFE).- O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, ameaçou nesta segunda-feira matar a oposição se a União Europeia (UE) retirar do país o tratamento comercial de preferência em resposta à deterioração da situação dos direitos humanos.

"Se quer ver a oposição morta, façam isso (...) Se querem uma oposição viva, não façam e venha conversar", disse Hun Sen durante um discurso de inauguração de uma estrada em Phnom Pehn transmitido ao vivo pelo seu perfil no Facebook.

A UE anunciou em outubro o início do processo formal para retirar o Camboja do programa Everything But Arms, que garante um acesso livre de impostos ao mercado europeu de qualquer exportação, exceto armamento.

O Camboja conta com uma importante indústria têxtil, na qual trabalham cerca de 850 mil cambojanos, 86% pelas mãos de obra no setor industrial do país, segundo dados do Ministério de Indústria de começo de 2018.

A UE é o segundo parceiro comercial do Camboja, país do qual em 2017 importou bens no valor de 5 bilhões de euros, a maioria produtos têxteis, de calçados e agrícolas.

Bruxelas anunciou a medida contra Phnom Penh dois meses depois das eleições gerais, que foram realizadas em julho com o principal partido da oposição ilegalizado e nas quais o partido governante ganhou todas as cadeiras em jogo.

A dissolução da oposição, que nas eleições de 2013 obteve quase a metade dos votos, culminou em uma ofensiva judicial que levou à prisão o líder opositor e à fuga ao exílio de cem dirigentes.

A repressão se estendeu à imprensa independente, com o fechamento de jornais e emissoras de rádio por supostas dívidas ou violação do contrato de emissão, e à sociedade civil, com o encarceramento de ativistas e a expulsão do país de ONGs estrangeiras.

Após a vitória eleitoral e diante das críticas pela falta de garantias no pleito, Hun Sen, no cargo desde 1985, teve várias amostras de indulgência com a libertação do líder opositor, que foi posto em prisão domiciliar, e os indultos a 20 opositores e dissidentes.EFE