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Início do julgamento do ativista chinês Huang Qi é marcado por detenções

14/01/2019 07h03

Pequim, 14 jan (EFE).- O julgamento do jornalista e ativista chinês Huang Qi, detido desde 2016 e gravemente doente, começou nesta segunda-feira na cidade de Mianyang, onde várias pessoas que tentaram mostrar seu apoio foram detidas nos arredores do tribunal, segundo informou à Agência Efe a ONG Human Rights Watch (HRW).

Huang, fundador do site 64 Tianwang, que ajuda a buscar pessoas desaparecidas, está sendo julgado por "proporcionar ilegalmente segredos de Estado no exterior", enquanto organizações internacionais como a ONU, a Anistia Internacional (AI) e a HRW exigiram em repetidas ocasiões sua "libertação imediata" devido a seu grave estado de saúde.

As autoridades bloquearam hoje as ruas que dão acesso ao tribunal da província de Sichuan, onde vários ativistas que compareceram para apoiar Huang "desapareceram" e se suspeita que estão sob detenção policial, disse à Efe a investigadora da HRW para a China, Yaqiu Wang.

A própria mãe de Huang, que em muitas ocasiões manifestou sua preocupação de que o seu filho morra sob custódia devido à sua "grave doença", está sob prisão domiciliar há semanas, detalhou Yaqiu.

As organizações internacionais desconhecem os detalhes do processo judicial contra o jornalista devido ao sigilo que existe na China em torno dos casos que envolvem ativistas e defensores de direitos humanos.

Huang, de 55 anos, foi detido em várias ocasiões e já cumpriu vários anos na prisão devido a suas denúncias sobre o poder público.

A última vez que seu advogado pôde visitá-lo na prisão foi no último dia 23 de outubro, quando denunciou que seu estado de saúde tinha se deteriorado por não ter recebido atendimento médico adequado, enquanto organizações como a AI afirmaram que o ativista sofreu agressões no centro onde se encontra recluso.

No final de dezembro, a ONU pediu ao governo chinês "a imediata libertação de Huang (...) de acordo com as leis internacionais", devido ao seu delicado estado de saúde.

Segundo especialistas em direitos humanos da ONU, o ativista "sofre alta pressão arterial, dolências cardíacas e renais de caráter crônico, assim como hidrocefalia, que requerem uma medicação diária que não é adequadamente subministrada durante sua detenção".

O site 64 Tianwang se dedica a ajudar pessoas a encontrar familiares desaparecidos e a proporcionar informação relacionada com a defesa dos direitos humanos e a assistência a grupos vulneráveis. EFE