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Juncker diz que rejeição no Parlamento aumenta risco de Brexit unilateral

15/01/2019 20h48

Bruxelas, 15 jan (EFE).- O presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, afirmou nesta terça-feira que a rejeição ao acordo do Brexit na Câmara dos Comuns aumenta o risco de uma saída unilateral do Reino Unido do bloco europeu e pediu ao governo da primeira-ministra Theresa May para "esclarecer" suas intenções com rapidez.

"O risco de uma saída desordenada do Reino Unido aumentou com a votação desta noite. Apesar de não querermos que isso ocorra, a Comissão Europeia continuará com o trabalho de contingência para ajudar a garantir que a UE esteja totalmente preparada", afirmou Juncker em comunicado.

O político luxemburguês também cobrou o Reino Unido para "esclarecer suas intenções assim que for possível".

"O tempo está quase terminado", advertiu o presidente da CE.

Juncker lamentou o resultado da votação na Câmara dos Comuns, que rejeitou o acordo de saída pactuado com a União Europeia por 432 votos contra e 202 a favor.

"O acordo de saída é um compromisso justo e o melhor pacto possível. Reduz os danos causados pelo Brexit aos cidadãos e às empresas na Europa. É o único modo de garantir uma saída ordenada do Reino Unido da União Europeia", ressaltou o presidente da CE, que nas últimas semanas tinha descartado renegociar o acordo.

Juncker também ressaltou que a UE e o negociador-chefe, Michel Barnier, "investiram um tempo e esforço enormes para negociar o pacto".

"Mostramos criatividade e flexibilidade. Eu, junto com o presidente (do Conselho Europeu, Donald) Tusk, mostramos boa vontade de novo ao oferecer esclarecimentos e garantias adicionais em um debate com a primeira-ministra (britânica, Theresa) May no começo desta semana", acrescentou.

A carta enviada ontem por Tusk e Juncker a May reiterava o compromisso da UE com a solução de salvaguarda para a Irlanda do Norte no acordo do Brexit, que manteria a livre circulação na fronteira com a Irlanda (país que integra a UE).

O presidente do Conselho Europeu disse em diversas ocasiões que "lamenta, mas respeita", a decisão do Reino Unido de deixar a UE e frisou que o cenário para o qual o bloco está melhor preparado é o é o da permanência do Reino Unido.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) já abriu a porta para esta possibilidade ao ressaltar que o país tem a capacidade de revogar de forma unilateral o artigo 50 do tratado da União Europeia (que deu início ao processo de saída da UE), evitando assim o Brexit. EFE