Rússia prolonga detenção de marinheiros e mantém queda de braço com a Ucrânia
Moscou, 15 jan (EFE).- A Justiça russa prolongou nesta terça-feira por três meses a prisão preventiva de 12 dos 24 marinheiros ucranianos acusados de cruzarem ilegalmente a fronteira durante o incidente de novembro do ano passado no mar Negro.
A expectativa é que o tribunal de Lefortovo, em Moscou, também emita em breve a decisão sobre a medida cautelar dos demais marinheiros, cujas audiências começaram mais tarde.
"Este resultado já era de se esperar. Na Rússia não há Justiça independente", declarou Nikolai Polozov, o advogado do comandante da embarcação ucraniana retida no dia 25 de novembro, após saber a decisão do tribunal.
O advogado acrescentou que a defesa tem a intenção de recorrer contra a detenção dos marinheiros em instâncias superiores.
Ao falar sobre o comportamento do cliente Denis Gritsenko na sala de audiência, o advogado contou que a presença dos parentes do marinheiro que chegaram da Ucrânia para animá-lo "o deu forças e esperança de uma libertação rápida".
Pela manhã, o mesmo tribunal rejeitou o pedido dos advogados dos marujos de encaminhar o caso à Justiça militar, embora os detidos sejam considerados prisioneiros de guerra.
Segundo Moscou, os ucranianos não podem receber tratamento de prisioneiros de guerra porque "a Rússia e a Ucrânia não estão em estado de guerra". Em virtude da sentença do tribunal, os marinheiros permanecerão em prisão preventiva até 24 de abril pelo menos.
A Rússia afirma que interceptou três navios e prendeu seus tripulantes em águas russas do mar Negro, enquanto a Ucrânia argumenta que a captura aconteceu em águas internacionais, depois que a guarda costeira russa fechou a passagem pelo estreito de Kerch quando seguiam para o mar de Azov, partilhado por ucranianos e russos.
O Serviço Federal de Segurança russo (FSB, antiga KGB) defendeu o uso da força ao assinalar que as embarcações ucranianas ignoraram os pedidos da guarda costeira para pararem e apontaram armas contra as lanchas russas.
O presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que se a guarda costeira tivesse atuado de outra forma "seria preciso levar todos a julgamento".
O futuro dos marinheiros é uma incógnita. Vários especialistas já sugeriram a possibilidade de uma troca por russos presos em território ucraniano.
Ao mesmo tempo, Putin afirmou, ao comentar esta possibilidade, que o assunto sobre uma eventual troca poderia ser abordado unicamente após o término do processo penal contra os marinheiros na Rússia.
A comissária ucraniana de direitos humanos, Liudmila Denisova, que chegou a Moscou para assistir à audiência dos marinheiros, confirmou nesta terça-feira que a Ucrânia estuda "todas as possibilidades" para uma eventual troca.
Denisova, que não pôde entrar na sala do tribunal, dado que as audiências ocorrem a portas fechadas, também não conseguiu se reunir com a representante russa dos direitos humanos, Tatiana Moskalkova, que se ausentou de Moscou por assuntos relacionados ao trabalho.
Sendo assim, Denisova aproveitou a ocasião para chamar a atenção das autoridades e dos jornalistas sobre o estado de saúde dos marinheiros aprisionados. Segundo ela, três deles ficaram feridos durante a captura das embarcações.
"Até hoje não podemos ter certeza se eles estão bem", disse ao reivindicar um relatório médico sobre a saúde dos feridos, que segundo Moscou estão sob supervisão de especialistas em uma das prisões da capital russa. EFE
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