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Turquia garante que EUA se retirarão "completamente" da Síria

15/01/2019 12h28

Istambul, 15 jan (EFE).- O presidente turco Recep Tayyip Erdogan garantiu nesta terça-feira que os Estados Unidos confirmaram seu plano de retirada da Síria e deixam "nas mãos da Turquia" a luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e também a criação de uma "faixa de segurança" no norte do país árabe.

"Falei ontem à noite com Trump por telefone. Ele me disse abertamente que se retirará completamente da Síria e que a luta contra os resquícios do EI ficará nas mãos da Turquia", afirmou Erdogan durante discurso no parlamento turco.

O chefe de Estado turco também declarou que o presidente americano mencionou o estabelecimento de uma zona de segurança de 32 quilômetros de extensão ao longo da fronteira entre a Turquia e a Síria, onde há várias populações curdas, que seria controlada por Ancara.

Erdogan também falou sobre a ameaça de Trump de "arrasar" economicamente a Turquia se o país atacasse as milícias curdo-sírias aliadas de Washington na luta contra o EI, uma advertência que o americano formulou no domingo através do Twitter.

O presidente turco disse que esses comentários lhe chatearam e que, imediatamente, decidiu manter essa conversa telefônica.

"Foi uma conversa muito positiva. Trump confirmou mais uma vez a decisão de retirada" (das tropas), explicou Erdogan, segundo a emissora "CNNTurk".

Ancara vem há algum tempo anunciando seus planos de atacar as milícias curdo-sírias Unidades de Proteção do Povo (YPG, na sigla em curdo), aliadas dos EUA, mas consideradas terroristas pelo regime de Erdogan.

Com relação à criação dessa faixa de segurança, o líder turco afirmou que se os Estados Unidos tomarem o controle do espaço aéreo, a Turquia poderia assumir a segurança em terra.

Uma faixa sob controle turco de 32 quilômetros de extensão não só obrigaria a milícia curda a se retirar de suas duas cidades mais importantes, Qamishli e Kobani, na fronteira turca, mas também da maior parte do território curdo densamente povoado no extremo nordeste da Síria.

Erdogan lembrou que o ex-presidente americano, Barack Obama, chegou a considerar "positiva" a ideia de estabelecer uma faixa de segurança de aproximadamente 30 quilômetros de extensão, mas que não deu passos concretos para estabelecê-la.

"Eu também achei positivo. Podemos trabalhar nisso; essas 20 milhas (cerca de 32 quilômetros) poderiam se estender ainda mais", acrescentou Erdogan.

"Se nos oferecerem apoio logístico, material, podemos resolvê-lo. Isto também freará a emigração (a partir da Síria). Pensamos em construir casas. Não deixaremos esta região para os terroristas. As YPG não podem ser parte deste projeto: são terroristas", afirmou o presidente turco.

"Essas intervenções serão feitas junto com as forças da coalizão. Também é possível incluir o processo de Astana (de diálogo para a Síria, coordenado entre Rússia, Turquia e Irã)", acrescentou Erdogan, que anunciou uma nova cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin, e o iraniano, Hassan Rohani.

"Na agenda há uma cúpula de três, com Putin e Rohani. Muito provavelmente haverá uma visita à Rússia no dia 23 deste mês", acrescentou Erdogan. EFE