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Rússia afirma que está pronta para "defender" tratado nuclear INF

16/01/2019 08h30

Moscou, 16 jan (EFE).- O ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, afirmou nesta quarta-feira que a Rússia está pronta para "defender" o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), mas teme que Washington também queira "acabar" com esse acordo nuclear.

"Estamos prontos para defender o INF", afirmou Lavrov em sua entrevista coletiva anual, na qual acusou aos EUA de "ignorar" todas as propostas "construtivas" da Rússia para salvar o tratado e "em insistir em seu ultimato", como "demonstrou na reunião de ontem em Genebra" entre delegações de ambos os países.

Lavrov explicou que na cidade suíça a delegação americana, liderada pela secretária de Estado adjunta para o Controle de Armas e Segurança Internacional dos EUA, Andrea Thompson, insistiu em diante do vice-ministro russo das Relações Exteriores Sergey Riabkov que "a Rússia renuncie de maneira verificável" ao míssil 9M729, que, na opinião de Washington, viola o tratado INF.

A Rússia sustenta que seu míssil cruzeiro 9M729 (SSC-8, segundo a classificação da Otan) não está proibido pelo INF, já que seu alcance é de 498 quilômetros, enquanto o tratado afeta os que chegam entre 500 e 5.500 quilômetros.

No começo do mês o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, deu um ultimato de 60 dias a Moscou para que cumpra com o tratado.

A Rússia também acusa aos EUA de violar o INF, assinado em 1987 entre ambos países.

A conversa em Genebra na terça-feira "só consistiu em dizer que a Rússia viola" o tratado, de maneira que "temos que fazer o que os EUA exigem, mas os EUA não têm que dar nada em troca", afirmou Lavrov.

O chefe da diplomacia russa pediu, além disso, que os países europeus tentem salvar o INF e que tratem de "influenciar para que os EUA adotem uma postura mais responsável".

Quanto ao novo acordo com redução de armas nucleares e que expira em fevereiro de 2021, Lavrov disse que a Rússia "está interessada em prolongá-lo" e que "fez muito para eliminar possíveis irritações" em torno do mesmo por parte dos EUA.

No entanto, Moscou tem "dúvidas sobre as ações" dos EUA, que apontam para uma "retirada" do acordo, que o presidente dos EUA qualificou de um dos tratados "ruins" do seu antecessor, Barack Obama.

"Muitos países têm dúvidas sobre se a retirada desse acordo está nos planos da Administração americano", afirmou o ministro russo das Relações Exteriores.

"Esperamos que não seja o caso", indicou.

O tratado, assinado em 2010 entre os então presidentes dos EUA e da Rússia, Barack Obama e Dmitri Medvedev, respectivamente, procura limitar o arsenal nuclear das duas potências de forma paritária, e embora tinha uma vigência de dez anos, é possível prolongá-lo por mútuo acordo por um máximo de cinco mais.

Ambos os países limitavam um máximo de 1.550 o número de ogivas nucleares estratégicas para cada um dos dois signatários. EFE