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Sudão vive novo dia de protestos pela morte de manifestantes em Cartum

18/01/2019 14h06

Cartum, 18 jan (EFE).- Novas manifestações aconteceram nesta sexta-feira na capital do Sudão, Cartum, depois da morte de três pessoas na repressão violenta dos protestos de ontem contra o presidente Omar al Bashir, segundo os organizadores da mobilização.

Centenas de pessoas foram às ruas no bairro de Burri, no leste de Cartum, depois da oração muçulmana do meio-dia de sexta-feira, a mais sagrada da semana, convocados pela Associação de Profissionais Sudaneses.

Os presentes cantaram palavras de ordem antes que as forças de segurança os dispersassem com gás lacrimogêneo e detivessem dezenas deles, informaram testemunhas.

Um membro do sindicato opositor Comitê Central dos Médicos, Ismail Babakr, disse à Agência Efe que dois manifestantes ficaram feridos hoje quando as forças de segurança dispersaram a manifestação diante do hospital particular Royal Care, em Burri, onde milhares de pessoas se reuniram em protesto pela morte de um menor e um médico baleado durante as manifestações de ontem.

Além disso, Babkr informou que um homem de 60 anos morreu por causa dos ferimentos causados por disparos da polícia.

O sindicalista afirmou que há dois manifestantes que estão em estado grave desde ontem, um deles à beira da morte "clínica", e acrescentou que mais de 30 pessoas ficaram feridas.

Por sua vez, a Anistia Internacional (Ai) disse em comunicado que "as forças de segurança sudanesas devem deter seus contínuos ataques contra manifestantes e médicos", assim como as batidas em hospitais e clínicas.

A ONG conversou com um médico que ficou retido ontem durante algumas horas, junto a outras três pessoas, em um hospital de Cartum, onde a polícia irrompeu e lançou gás lacrimogêneo, como já tinha ocorrido uma vez antes desde o começo dos protestos em 19 de dezembro.

Além disso, a AI informou que analisou os vídeos que circulam nas redes sociais, nos quais é possível ver os agentes abrindo fogo contra os manifestantes em Burri, e lançando gás lacrimogêneo dentro de edifícios e casas do bairro.

Segundo a ONG, mais de 40 pessoas morreram na repressão aos protestos durante o mês passado, enquanto as autoridades reconheceram a morte de 24, entre manifestantes e policiais. EFE