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ONU alerta para possibilidade de "conflito iminente" no sul da Líbia

20/01/2019 15h35

Trípoli, 20 jan (EFE).- O enviado especial das Nações Unidas para a Líbia, Ghassan Salamé, alertou neste domingo para a possibilidade "de forma iminente" um grande conflito no sul da Líbia, que há meses é palco de combates esporádicos entre milícias e grupos salafistas radicais.

Em comunicado divulgado após a primeira visita à região, o diplomata expressou preocupação com a ampla presença de tropas no local e pediu às partes em conflito a busca de outras soluções.

"Visitei a cidade de Sebha (capital do sul) na semana passada e percebi que os habitantes do sul, que representam diversos grupos étnicos e sensibilidades políticas, têm um desejo genuíno de resolver os problemas que os dividem em busca de um futuro melhor para região", afirmou.

"Isso é exatamente o que o sul necessita, abordar os problemas, os mais importantes deles relacionados com a segurança e a questão humanitária", acrescentou.

Sebha, capital da região sulina de Fezzan, convive desde fevereiro de 2018 com combates intermitentes entre o clã árabe de Awlad Suleiman e tribos Tebu - que controlam a parte oriental da fronteira sul do país -, nos quais 20 pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas.

Os Awlad Sulaiman acusam os Tebu, que têm relações de sangue com clãs no Chade e no Níger, de contarem com o apoio de grupos armados provenientes desses países, assim como da região sudanesa de Darfur.

Localizados nas cidades de Sebha e Kufra, os Tebu sofreram o desprezo do ditador líbio Muammar al-Gaddafi (deposto em 2011), que nos anos 70 e 80 os utilizou como tropas de ataque na guerra no Chade.

Na terça-feira passada, forças sob o comando do marechal Khalifa Hafter, homem forte do leste da Líbia, anunciaram o início de uma operação militar para "limpar o sul do país de jihadistas e criminosos".

Em entrevista coletiva, o porta-voz dessa força, Ahmad al Mismari, explicou que o objetivo da mesma são os grupos associados ao jihadismo internacional que atuam nesta região estratégica, na qual convergem as fronteiras com Argélia, Níger e Chade.

"A ofensiva busca eliminar os grupos, as células do Estado Islâmico e demais criminosos, além das máfias dedicadas ao tráfico de pessoas na África Subsaariana, um problema internacional", afirmou Mismari. EFE