Topo

Presidente do Zimbábue cancela viagem ao Fórum de Davos devido a protestos

20/01/2019 16h15

Harare, 20 jan (EFE).- O presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, anunciou neste domingo o cancelamento de sua viagem ao Fórum Econômico Mundial na Suíça, apelidado de Fórum de Davos, por causa dos protestos que ocorrem há uma semana em seu país.

Mnangagwa saiu do Zimbábue na semana passada em uma excursão pela Rússia e pela Ásia Central, logo quando começaram as manifestações por causa do aumento do preço do combustível, que foram duramente reprimidas pelas forças de segurança.

Segundo o Fórum de ONGs de Direitos Humanos, uma coalizão de 22 grupos locais, pelo menos 12 pessoas morreram nesses incidentes, 78 sofreram ferimentos de bala e mais de 450 foram detidas de forma arbitrária.

Em anúncio feito pelo Twitter, Mnangagwa não mencionou nenhuma morte, mas justificou o retorno à capital, Harare, por causa da "situação econômica" o país enfrenta.

"A prioridade é fazer com que o Zimbábue se acalme, se estabilize e volte a funcionar", escreveu o governante ao adiantar que o ministro de Finanças, Mthuli Ncube, comparecerá ao Fórum de Davos no seu lugar.

Mnangagwa recebeu fortes críticas por continuar a viagem por Rússia, Bielorrússia e vários outros países da Ásia Central horas depois de anunciar que duplicaria o preço do combustível.

Esse aumento, em um país devastado por uma forte crise econômica, aumentou também o custo do transporte público, do qual a maioria dos cidadãos depende.

O Congresso de Sindicatos do Zimbabué (ZCTU) convocou então uma greve de três dias, desde 14 de janeiro, na qual diversos atos de vandalismo foram reprimidos com dureza pela polícia e o Exército.

Apesar das críticas internacionais, o porta-voz de Mnangagwa, George Charamba, afirmou ontem ao jornal estatal "Sunday Mail" que o reforço de segurança é apenas "uma antecipação das coisas que virão".

Charamba rotulou os protestos como uma conspiração do partido opositor Movimento pela Mudança Democrática (MDC), que buscaria deslegitimar a vitória nas urnas que concedeu um novo mandato a Mnangagwa em 2018.

"O governo não ficará quieto enquanto interesses tão claros se manifestam de uma forma tão violenta. A liderança do MDC e as suas organizações filiadas serão responsáveis pela violência e o saque", acrescentou. EFE