Fundadora do Me Too: "Não é um movimento anti-homens, nem sequer de mulheres"
Nova York, 21 jan (EFE).- Tarana Burke, a fundadora do movimento "Me Too", que denuncia e protesta contra o assédio sexual, afirmou nesta segunda-feira que, embora a hashtag tenha se popularizado enormemente em 2018, a sua missão frequentemente não coincide com o que é divulgado porque não se trata de "um movimento anti-homens, nem sequer de mulheres".
"O que a mídia divulgou no ano passado sobre o movimento é incorreto. Não é um movimento anti-homens, não é um movimento para acusar e envergonhar, não é um movimento de Hollywood, nem sequer um movimento de mulheres: é um movimento de sobreviventes", especificou Burke, que disse ter enfrentado "represálias" pelo posicionamento.
No feriado nacional dos Estados Unidos dedicado a Martin Luther King Jr., Burke pronunciou o principal discurso de um evento musical e político realizado na Brooklyn Academy of Music, que há 33 anos organiza a maior comemoração da cidade de Nova York ao líder dos direitos civis da população negra.
Burke relembrou a própria carreira de quase três décadas de serviço social e ativismo pelos direitos civis. Além disso, destacou a importância das mulheres no movimento liderado por Luther King, cujo retrato estava projetado atrás dela no edifício da Brooklyn Academy of Music, a instituição musical mais antiga em funcionamento no país.
A diretora da organização Girls for Gender Equity, que se considera privilegiada por ter aprendido com pessoas que "deram forma" à história, lembrou que durante um tempo "o povo não podia imaginar que as coisas fossem diferentes".
A respeito do movimento que se iniciou em 2006, "Me Too", a ativista disse não se importar com o fato de ter demorado para a iniciativa "viralizar". Segundo ela, "as plataformas chegam quando chega o momento delas".
Sobre as "represálias" sofridas, Burke disse que as reações negativas sobre um movimento que, acima de tudo, quer "acabar com a violência sexual" e apoiar as vítimas na sua recuperação, "chegam em ondas" impulsionadas pela mídia, como ocorreu neste mês, após a exibição do polêmico documentário sobre abusos sexuais cometidos pelo cantor R. Kelly.
"Nas semanas desde que foi exibido (o documentário) fui repetidamente atacada online, principalmente por homens, e principalmente por homens negros", denunciou a ativista, o que gerou incredulidade entre o público.
"São homens negros que acham que o nosso trabalho para expor a depravação deste homem individual, e o de quem mostra a dor da violência sexual para mulheres e meninas negras, é um ataque para eles. Se você se vê em R.Kelly, tem algum problema", explicou Burke. EFE
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