Estudo desenvolve novo enfoque para recuperar memória em doentes de Alzheimer
Washington, 22 jan (EFE).- Cientistas da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, descobriram um novo enfoque que poderia restabelecer a memória em doentes de Alzheimer, segundo um estudo pré-clínico publicado nesta terça-feira na revista especializada "Brain".
"Neste relatório, não só identificámos os fatores epigenéticos que contribuem para a perda de memória, mas também encontramos formas de revertê-los temporariamente em um modelo animal", afirmou a autora principal, Zhen Yan, pesquisadora da universidade citada.
A equipe descobriu que, ao se concentrar nas mudanças genéticas causadas por influências distintas das sequências de DNA, chamadas epigenéticas, foi possível reverter a deterioração da memória em ratos.
A pesquisa foi realizada com exemplares de ratos com mutações genéticas de Alzheimer familiar, quando mais de um integrante de uma mesma família sofre da doença, e com tecidos cerebrais de pacientes humanos mortos.
As mudanças epigenéticas da doença de Alzheimer ocorrem principalmente quando os pacientes não podem reter a informação aprendida recentemente e exibem um declíneo cognitivo acentuado.
Um motivo-chave para a deterioração cognitiva é a perda de receptores de glutamato, que são fundamentais para a aprendizagem e a memória de curto prazo.
"Descobrimos que, na doença de Alzheimer, muitas subunidades dos receptores de glutamato no córtex frontal são reguladas para baixo, interrompendo os sinais excitatórios, o que afeta a memória", disse Yan.
Os pesquisadores descobriram que a perda dos receptores de glutamato é o resultado de um processo epigenético conhecido como modificação repressiva de histonas, que é elevado em pacientes com Alzheimer.
De acordo com os autores, essa modificação "anormal" da histona ligada ao Alzheimer é o que reprime a expressão genética, diminuindo os receptores de glutamato, o que leva à perda da função sináptica e ao déficit de memória.
Uma vez detectada essa disfunção, os pesquisadores injetaram compostos desenvolvidos para inibir a enzima que controla a modificação repressiva de histonas três vezes nos ratos doentes.
"Quando administramos aos animais doentes de Alzheimer esse inibidor de enzimas, vimos o resgate da função cognitiva confirmado através das avaliações da memória de reconhecimento, da memória espacial e da memória de trabalho", assinalou a investigadora.
"Surpreendeu-nos bastante ver uma melhora cognitiva tão drástica", acrescentou Yan.
Ao mesmo tempo, os autores constataram a recuperação da expressão e função do receptor de glutamato no córtex frontal.
Essas melhorias duraram uma semana, por isso os estudos futuros se concentrarão em desenvolver compostos que penetrem no cérebro com maior eficácia e, portanto, sejam mais duráveis. EFE
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