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Putin e Abe se comprometem a assinar tratado por fim de disputa territorial

22/01/2019 15h09

Moscou, 22 jan (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, se comprometeram nesta terça-feira a assinar o tratado de paz pendente desde o fim da Segunda Guerra Mundial apesar das dificuldades nas negociações, vinculadas principalmente com as ilhas Curilas.

"Temos pela frente um árduo trabalho para criar as condições necessárias e conseguir uma decisão mutuamente aceitável", disse Putin em um comparecimento conjunto com Abe no Kremlin.

Putin destacou que ambos os líderes confirmaram hoje o "interesse" em assinar o tratado, passo crucial para a normalização das relações bilaterais, embora tenha dito que a decisão deve ser respaldada por ambos os povos.

"Na reunião em Singapura nos comprometemos a emoldurar o processo negociador na Declaração União Soviética-Japão de 1956", afirmou sobre o encontro ocorrido entre ambos em novembro.

A respeito, Putin destacou que tal documento contempla, "em primeiro lugar, a assinatura do tratado de paz", uma postura que Moscou defende nas negociações.

Putin informou que a declaração impõe como condição a assinatura do tratado para depois abordar a entrega de duas ilhas menores do arquipélago (Shikotan e Habomai).

Por sua vez, Abe, que vinculou o tratado com a devolução das Curilas, admitiu hoje que "solucionar problemas sem resolução há mais de 70 anos desde o fim da guerra não é fácil, mas é necessário".

Abe destacou que tinha acordado com o chefe do Kremlin que os japoneses com antepassados nas ilhas poderão visitar seus túmulos.

Além disso, o japonês anunciou que os ministros de Relações Exteriores de ambos os países realizarão em fevereiro uma nova rodada de negociações durante uma conferência de segurança de Munique.

"Haverá mais de um rodada. É preciso fortalecer a atmosfera de confiança mútua", comentou Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, aos veículos de imprensa locais.

A cúpula de hoje vem precedida pelas diferenças entre ambas as partes sobre a regulação do litígio das quatro ilhas Curilas do Sul - Iturup, Shikotan, Habomai e Kunashir -, reivindicadas por Tóquio e sob controle soviético e depois russo desde o fim da disputa mundial.

Os preparativos para a cúpula foram distorcidos quando Tóquio deixou claro que seu objetivo ainda era recuperar as quatro ilhas Curilas do sul, para as quais foi proposto convencer a população local - cerca de 20 mil pessoas - a aceitar voluntariamente o domínio japonês.

O Kremlin pediu que o Japão reconhecesse a soberania russa sobre as ilhas como condição indispensável para a assinatura do tratado de paz. EFE