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Rússia liberta mulher que denunciou "ingerência russa" nas eleições dos EUA

22/01/2019 14h30

Moscou, 22 jan (EFE).- A Justiça da Rússia concedeu liberdade nesta terça-feira à bielorrussa Nastia Rybka (Anastasia Vashukevich), que há um ano pediu asilo político nos Estados Unidos em troca de informações sobre a chamada "ingerência russa nas eleições do país".

A juíza decidiu arquivar o caso pelo qual Ribka esteve detida durante 72 horas por supostamente induzir à prostituição, crime que é passível de pena de seis anos de prisão na Rússia.

Ribka foi detida na semana passada assim que chegou ao aeroporto em Moscou após ser deportada pela Tailândia, onde ficou detida por nove meses por oferecer "serviços sexuais" nesse país.

A bielorrussa foi libertada depois que no sábado afirmou que não tinha intenção de revelar informações "comprometedoras" sobre o oligarca russo Oleg Deripaska, atualmente alvo de sanções dos EUA, que foi relacionado há um ano com a suposta ingerência russa nas eleições presidenciais americanas.

"Já estou cansada. Por favor, transmitam minhas desculpas a Oleg Deripaska e ao vice-primeiro-ministro russo Sergei Prikhodko. Sinto que tudo tenha saído assim. Estou sinceramente envergonhada pelo ocorrido. Não quero agravar (a situação)", disse Ribka durante a audiência de sábado.

A jovem admitiu que unicamente tinha ameaçado vazar informação confidencial para "chamar a atenção" de Deripaska, algo questionado pelo líder opositor, Alexei Navalny.

Precisamente, a bielorrussa viajou para a Tailândia em fevereiro de 2018 depois que Navalny publicou os resultados de uma investigação anticorrupção na qual mencionava a conexão de Deripaska com a chamada "ingerência russa" através de Paul Manafort, ex-chefe de campanha do agora presidente dos EUA, Donald Trump.

O vídeo incluía imagens de outra gravação, publicada inicialmente no Instagram de Ribka, que mostrava Deripaska e Prikhodko, ex-assessor principal do Kremlin em Assuntos Internacionais, navegando pelas águas norueguesas em um iate em companhia da detida.

Uma vez detida pelas autoridades tailandesas por dar um "curso sexual", a jovem pediu asilo político nos EUA e ofereceu aos veículos de imprensa norte-americanos informação sobre a suposta relação dos russos com "Manafort, Trump e todos os escândalos em torno das eleições dos Estados Unidos".

O jornal "The New York Times" informou então que o Departamento de Justiça e o FBI tentaram, entre 2014 e 2016, que Deripaska fosse informante do Governo dos EUA em uma tentativa de obter informação sobre o crime organizado na Rússia e depois da interferência eleitoral, embora este teria declinado a oferta. EFE