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Alberto Fujimori deixa clínica em Lima e volta para a prisão

Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori - HO/AFP
Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori Imagem: HO/AFP

24/01/2019 01h32

O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, deixou na quarta-feira a clínica particular Centenário onde ficou internado por 112 dias e foi transferido para o prisão de Barbadillo, onde terminará de cumprir sua sentença de 25 anos de prisão por crimes de contra a humanidade.

Fujimori, de 80 anos, saiu em um veículo oficial escoltado por agentes do Instituto Nacional Penitenciário (INPE), depois de receber a alta médica.

Dezenas de seguidores do ex-presidente protestavam na parte externa da clínica por seu retorno à prisão, após a revogação do indulto outorgado a Fujimori em 2017.

"Não podemos esconder a tristeza e o desgosto que Alberto Fujimori pode sentir neste momento pelo fato de ele aceitar essa provação como resultado de inúmeras pressões políticas e de mídia", comentou o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro Aguinaga.

O médico informou que Fujimori esteve com os psicólogos da clínica porque "ele não é de ferro, tem sentimentos, e essa situação o deprime".

"Todas essas situações encorajam o mórbido popular contra Alberto Fujimori", queixou-se Aguinaga, após criticar que a ordem judicial de seu retorno à prisão não levou em conta sua idade avançada e sua condição de ex-presidente.

A saída de Fujimori do centro médico tomou todo o dia de ontem, pois havia um mandado de prisão, que teve que ser anulado antes que pudesse ser levado para Barbadillo, onde também se encontra a Direção de Operações Especiais da Polícia Nacional (Diroes).

Durante essa espera, o ex-presidente teve tempo para escrever uma carta, de próprio punho, onde afirmava que o final da sua vida está perto, como ele compartilhou em sua conta no Twitter.

"Estou há quase 12 anos presos e hoje estão me levando de novo à prisão. Não é o suficiente?", expressou Fujimori.

O ex-governante se dirigiu aos seus filhos e netos para dizer-lhes que tem certeza que "o julgamento da história será mais justo que o julgamento dos inimigos políticos".

"E que quando todas estas injustiças tenham terminado, olhem o Peru que hoje temos e me lembrem com a convicção de que tudo de ruim que tive que viver, ao final da minha vida, valeu a pena", declarou Fujimori na carta de próprio punho.

Por sua vez, seu filho Kenji agradeceu "as amostras de solidariedade ao meu pai", já que seus partidários estiveram nos arredores da clínica durante o dia todo com cartazes de apoio a Fujimori.

Desta forma, o ex-mandatário retorna para Barbadillo, onde esteve preso entre entre 2007 e 2017, quando recebeu o indulto humanitário do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, após um aparente acordo político com Kenji, que foi revogado por um juiz em outubro do ano passado.

Fujimori deverá terminar de cumprir os aproximadamente 13 anos que faltam da sua pena pelos massacres cometidos pelo grupo militar Colina e o sequestro de um empresário e um jornalista em 1992.