Topo

Presidente do Zimbábue defende repressão em protestos e culpa Ocidente

01/02/2019 15h57

Harare, 1 fev (EFE).- O presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, defendeu nesta sexta-feira a repressão policial dos violentos protestos que recentemente causaram pelo menos 12 mortes no país e acusou o Ocidente de provocar essa situação.

"Certamente, lamentamos a perda de vidas, mas precisamos proteger a propriedade e os cidadãos que não estão envolvidos nos protestos", disse Mnangagwa, em declarações ao jornal zimbabuano "NewsDay".

O governante, de 76 anos, acusou os países ocidentais - especialmente Estados Unidos - de promoverem os conflitos.

"Os países ocidentais não podem se virar e mostrar preocupação quando estão patrocinando a violência. É sobre os interesses dos Estados Unidos, e se fôssemos flexíveis e aceitássemos ser usados o nosso país não teria estes problemas" afirmou ele.

Pelo menos 12 pessoas morreram pela repressão, enquanto centenas ficaram feridas durante a greve que aconteceu de 14 a 16 de janeiro, provocada pelo aumento do preço do combustível, que duplicou e passou a custar mais de US$ 3 o litro (cerca de R$ 10).

Esse encarecimento desencadeou uma onda de protestos no Zimbábue desde a queda do ex-presidente Robert Mugabe em novembro de 2017 e levou Mnangagwa, que estava em uma viagem pela Europa e pela Ásia Central prévia ao Fórum Econômico Mundial em Davos (Genebra), a antecipar a sua volta.

Ontem, os dois principais sindicatos dos professores advertiram também que fariam uma greve para protestar contra os baixos salários, uma medida que poderia paralisar milhares de escolas públicas a partir de terça-feira.

Cerca de mil pessoas foram detidas nas últimas semanas depois do início dos protestos e de uma série de saques nas duas principais cidades do país, Harare e Bulawayo.

Organizações de direitos humanos nacionais e internacionais, além da Comissão de Direitos Humanos do Zimbábue (instituição independente de supervisão nacional amparada pela Constituição), sustentam que houve torturas sistemáticas de civis. EFE