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Em sessão tumultuada, Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado

02/02/2019 22h09

Brasília, 2 fev (EFE).- O Senado elegeu neste sábado como presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP), que obteve 42 dos 77 votos, em uma sessão tumultuada e cujo triunfo representa uma vitória para o governo de Jair Bolsonaro.

Depois de ter sido um dos protagonistas das discussões acaloradas de ontem, quando os parlamentares não conseguiram chegar a um acordo sobre se a votação deveria ser secreta ou aberta e suspenderam a sessão, Alcolumbre obteve neste sábado uma importante vitória para o partido Democratas (DEM), que integra a base governista.

O novo presidente expressou seu desejo de "reunificar" a Casa e afirmou que não conduzirá os trabalhos com base no "revanchismo".

"Os meus adversários terão, todos eles, de minha parte, pujante disposição para o diálogo e a cooperação", disse Alcolumbre em seu discurso após conhecer o resultado.

"Todos serão tratados com a mais absoluta deferência e respeito", garantiu.

Alcolumbre, de 41 anos, está em seu primeiro mandato no Senado e disputou a presidência da Casa com apenas quatro concorrentes, já que, ao longo da sessão, quatro senadores retiraram suas candidaturas.

Entre eles o veterano Renan Calheiros, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que era apontado como um dos favoritos à presidência, mas deixou a disputa por considerar que o processo não era "democrático", em alusão ao tumulto ocorrido nas mais de oito horas de sessão.

Diante do impasse de sexta-feira, que levou ao adiamento da decisão para hoje, o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determinou que a votação seria secreta.

Os senadores, por sua vez, decidiram então que a votação seria realizada através de cédulas de papel, uma manobra que permitiu que muitos anunciassem publicamente suas escolhas.

No entanto, depois da abertura da urna, foi constatado que havia um total de 82 votos, apesar de o Senado ser composto por 81 cadeiras, o que levantou a suspeita de fraude, levando à convocação de uma nova votação.

Diante desta nova convocação, Renan Calheiros renunciou à disputa e deixou o plenário sem votar, o que abriu o caminho para que Alcolumbre saísse vencedor no primeiro turno com 42 dos 77 votos, já que, além do cacique do MDB, outros três senadores não participaram da votação.

Após o triunfo do senador do Amapá, Bolsonaro o parabenizou através das redes sociais e afirmou que ele tem pela frente o "desafio" de "transformar em ações o sentimento de mudanças que a população expressou nas últimas eleições".

"O governo está pronto para também cumprir a sua missão. O Brasil tem pressa!", concluiu Bolsonaro, que se recupera da cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia no hospital Albert Einstein em São Paulo.

Se a tensão reinou por dois dias consecutivos no Senado, na Câmara dos Deputados não houve qualquer problema e o atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi reeleito com uma maioria arrasadora de 334 votos entre os 513 deputados.

Maia, de 48 anos, está em seu sexto mandato consecutivo e ocupa o cargo desde 2016. O deputado se impôs sobre outros seis candidatos de diversas tendências.

Assim como Alcolumbre, Maia é membro do Democratas (DEM), mas pertence a uma corrente interna que não apoiou abertamente Bolsonaro durante as eleições presidenciais.

Não obstante, nos últimos meses o deputado carioca se aproximou da base de Bolsonaro, que antes o vinculava à "velha política".

A aproximação entre Maia e o governo é atribuída principalmente ao apoio do deputado à reforma da Previdência que a equipe econômica de Bolsonaro deseja levar adiante.

Sobre a reforma, Maia defendeu o diálogo para se chegar a um consenso. "Isso não é um tema de um governo. É tema do Estado brasileiro e é o Estado como um todo", disse o deputado na sessão de ontem.

Já o novo presidente do Senado ressaltou que a reforma é "fundamental para o país" e que "todos os partidos reconhecem" a sua importância. EFE