Rússia diz que EUA começaram a preparar retirada do tratado nuclear em 2017

Moscou, 2 fev (EFE).- O Estados Unidos começaram a preparar o terreno para abandonar o tratado nuclear INF com a Rússia há quase dois anos, quando começaram os trabalhos para a fabricação de mísseis de curto e médio alcance em uma das suas instalações militares no estado do Arizona, informaram neste sábado os militares russos.

"Dois anos antes de lançar acusações infundadas contra a Rússia pela suposta violação do INF, Washington não só tinha decidido (abandonar o tratado), como já tinha começado os preparativos para a fabricação de mísseis de curto e médio alcance proibidos pelo acordo", segundo um comunicado do Ministério da Defesa da Rússia.

O presidente Vladimir Putin anunciou hoje que a Rússia suspendeu sua participação no primeiro tratado de desarmamento da Guerra Fria em represália à postura adotada por Washington.

Segundo os militares russos, os trabalhos para a fabricação de mísseis vetados pelo acordo assinado entre EUA e a então União Soviética começaram em junho de 2017 em uma fábrica da empresa Raytheon, um dos maiores conglomerados de defesa militar dos EUA, com base em Tucson, no estado do Arizona.

A nota indica em particular que nos últimos dois anos a área da fábrica, "que produz, entre outros, mísseis de curto e médio alcance", aumentou em 44% e que seu quadro de funcionários "crescerá em 2 mil pessoas".

"O caráter e os prazos dos trabalhos feitos são uma prova inegável de que o governo americano decidiu abandonar o INF anos antes de apresentar acusações infundadas contra a Rússia sobre sua suposta violação", acrescenta o comunicado.

Simultaneamente, o Congresso destinou ao Pentágono US$ 58 milhões como o primeiro "lote" para o "desenvolvimento de um míssil terrestre de médio alcance", afirma o comunicado militar.

A Rússia rejeitou previamente as acusações dos EUA e se negou a cumprir o ultimato de 60 dias para demonstrar de maneira "verificável" que não viola o tratado INF.

Moscou considera "inadmissível" a exigência de que seja destruído o míssil russo Novator 9M729, que segundo a OTAN viola o INF ao superar os 500 quilômetros de alcance.

O Ministério de Defesa da Rússia mostrou recentemente o míssil à imprensa e insistiu que seu alcance é de 480 quilômetros e, portanto, respeita as regras do tratado. EFE