Papa chega aos Emirados Árabes com mensagem de paz para região em conflito
Francesca Cicardi.
Abu Dhabi, 3 fev (EFE).- O papa Francisco chegou neste domingo a Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, na primeira viagem de um pontífice à Península Árabe, para levar uma mensagem de paz e convivência entre cristãos e muçulmanos, em meio aos conflitos que a região vive, como a guerra no Iêmen.
O chefe da Igreja Católica, que aterrissou no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi pouco antes das 22h (horário local, 16 em Brasília), foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed Al Nahyan, por membros do governo e por representantes do Vicariato Apostólico da Arábia Meridional, com sede nos Emirados Árabes. Também estava presente o imã da Mesquita de al-Azhar, Ahmed al-Tayyib, líder da principal instituição do islã sunita no Oriente Médio, com quem ele saiu conversando do aeroporto.
Os dois líderes religiosos foram convidados para ir a Abu Dhabi para participar da Conferência Global da Fraternidade Humana, que começou hoje. Como parte desse evento, o papa se reunirá também com o Conselho dos Sábios Muçulmanos, com sede em Abu Dhabi e criado em 2014 com o objetivo de promover a paz dentro da comunidade muçulmana, de acordo com a própria organização.
"Estou de partida para os Emirados Árabes Unidos. Vou para aquele país como irmão, para escrever juntos uma página de diálogo e percorrer juntos caminhos de paz. Rezem por mim!", escreveu o pontífice no Twitter, pouco antes da decolagem em Roma.
No entanto, não se sabe se ele abordará com os anfitriões vários assuntos espinhosos com relação à situação dos direitos humanos e o envolvimento do governo em conflitos da região. Hoje mesmo, antes de começar a viagem, o papa expressou "grande preocupação" com a crise humanitária no Iêmen e pediu que a comunidade internacional cumpra os acordos alcançados entre as partes em conflito.
"Com certeza ele fará um apelo pela paz, mas não pode mudar a situação do país. Ele já fez muito em segredo para ajudar na situação do Iêmen. O Vaticano esteve muito envolvido nos quatro anos últimos ano do conflito", disse à Agência Efe o padre Gandolf Wild, vice-secretário do Vicariato Apostólico da Arábia Meridional, organização que se encarrega da Igreja Católica nos Emirados Árabes, em Omã e no Iêmen, na Catedral de São José, sede do Vicariato.
Segundo o padre, pedir a paz no Iêmen provavelmente não fará muita diferença no processo atual, que agora está "nas mãos da Organização das Nações Unidas e de governos estrangeiros".
O Exército dos Emirados Árabes é um dos maiores envolvidos no conflito no Iêmen, no qual atua com soldados a favor das forças leais ao presidente Abdrabuh Mansour Hadi, como parte da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que luta contra os rebeldes houthis. Outra das frentes abertas pelos Emirados Árabes é o conflito diplomático com o Catar, com o qual cortou as relações em junho de 2017 e impôs um bloqueio comercial, apoiado pelos aliados Arábia Saudita, Bahrein e Egito.
Há poucos dias, o chefe do Comitê de Direitos Humanos do Catar, Ali Bin Samikh Al Marri, se reuniu com o papa no Vaticano e pediu intercessão para acabar com o bloqueio que afeta "milhares de famílias divididas" por conta do fechamento das fronteiras.
O chamado "Quarteto árabe" acusa o Catar de apoiar grupos extremistas e de interferir em assuntos internos dos vizinhos do Golfo Pérsico. Segundo um comunicado, Al Marri pediu ao pontífice que "pressione" os Emirados Árabes e seus parceiros para que deixem os cidadãos de fora do conflito. EFE
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