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Bachelet alerta sobre Venezuela, Nicarágua e Guatemala em reunião na ONU

04/02/2019 15h45

Genebra, 4 fev (EFE).- A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, manifestou nesta segunda-feira preocupação com as situações da Venezuela, da Nicarágua e da Guatemala, durante um encontro informal com representantes do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

"A crise na Venezuela alcançou dimensões regionais e inclusive globais. A saída de 3,3 milhões de pessoas não tem precedentes", destacou ela na reunião, realizada na sede das Organização das Nações Unidas em Genebra.

A ex-presidente do Chile pediu para que todos os países de amparo desses imigrantes e solicitantes de asilo continuem facilitando acesso e que "sigam lutando contra a xenofobia e a discriminação" que alguns deles sofrem.

A delegação venezuelana presente na reunião lembrou que em novembro enviou um convite a Bachelet para visitar o país e "conhecer de maneira objetiva a verdadeira a situação dos direitos humanos, além da campanha midiática de satanizadora feita pelas corporações de informação transnacional". A visita, acrescentou a delegação, poderia servir para Bachelet constatar as dificuldades que a Venezuela vive pelas sanções "impostas pelo império americano, que pretende por essa via se apropriar dos recursos e das riquezas dos venezuelanos",

A alta comissária também mostrou preocupação com a situação da Nicarágua, onde "não fica resta órgãos de direitos humanos internacionais", após a suspensão da presença do Mecanismo Especial de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni) pelo governo. Ela também denunciou os ataques à liberdade de imprensa no país, "que se intensificaram com batidas a veículos de comunicação e detenção de jornalistas, inclusive por supostos crimes relacionados ao terrorismo".

Sobre a Guatemala, onde as tensões com Nações Unidas aumentaram por causa da decisão do presidente Jimmy Morales de acabar com a presença da Comissão Internacional Contra a Impunidade (Cicig), Bachelet mostrou inquietação pela deterioração da proteção do sistema judicial.

"Juízes, promotores, testemunhas e defensores dos direitos humanos enfrentam um risco cada vez maior, o que faz com que aumentem as tensões entre o poder Executivo e o poder Judiciário", ressaltou a alta comissária.

A delegação guatemalteca negou na réplica a existência dessas tensões e ressaltou que a decisão sobre a Cicig aconteceu depois que o seu comissário, o jurista colombiano Iván Velásquez, "se excedeu nas funções durante um ano e meio".

"A principal fonte de tensão é a recusa do secretário-geral da ONU (Antonio Guterres) de mudar ao comissário e investigar algumas das suas ações", sustentou a delegação.

O grupo também convidou o Escritório da ONU para os Direitos Humanos que Bachelet dirige a abrir uma representação permanente na Guatemala.

Bachelet denunciou ainda a situação de vulnerabilidade que muitos migrantes centro-americanos vivem nas caravanas que viajam pelo México para os Estados Unidos, e lembrou a morte de duas crianças guatemaltecas quando estavam sob custódia das forças de segurança americanas.

A resposta a estes migrantes "precisa ser humanitária, com condições adequadas de recepção e detenção" e é preciso adotar "uma forma ética de controlar a imigração". EFE