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Papa Francisco pede condenção da violência justificada pela religião

04/02/2019 14h27

Abu Dhabi, 4 fev (EFE).- O papa Francisco cobrou nesta segunda-feira que se condene de forma enérgica qualquer violência que seja justificada pela religião, durante um encontro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, na primeira visita de um líder da Igreja Católica à península arábica, berço do islamismo.

"É preciso condenar sem hesitação toda forma de violência, porque usar o nome de Deus para justificar o ódio e a violência contra um irmão, é uma grave profanação. Não há violência que encontre justificativa na religião", afirmou.

Segundo o papa, as pessoas não devem "cair na tentação recorrente de julgar os restantes como inimigos e adversários". E pediu que a "brecha entre amigos e inimigos" seja superada.

"Não há alternativa: ou construímos o futuro juntos ou não haverá futuro", alertou o papa no Memorial do Fundador dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Zayed bin Sultan al Nahyan.

"As religiões, de modo especial, não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre os povos e as culturas", afirmou o pontífice após anunciar a assinatura de um documento de Fraternidade Humana com o grande imã de Al Azhar, Ahmed al Tayyip, considerado como máxima autoridade do islã sunita.

"Chegou o momento em que as religiões precisam se empenhar mais ativamente, com coragem e audácia, com sinceridade em ajudar a família humana a amadurecer a capacidade de conciliação, a visão de esperança e os caminhos concretos de paz", completou o papa.

O papa visitou os Emirados Árabes Unidos no ano que marca o oitavo centenário do encontro de São Francisco de Assis e o sultão Malik al Kamil. Francisco também entregou uma medalha ao príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al Nayhan.

"Aceitei a ocasião para vir aqui como um crente sedento de paz, como um irmão que procura a paz com os irmãos. Querer a paz, promover a paz, ser instrumento da paz: estamos para aqui para isso", disse Francisco.

O pontífice também ressaltou que, nos Emirados Árabes Unidos, o "deserto se transformou em um lugar próspero e hospitalar", de "encontro entre culturas e religiões" e que oferece esperança a muitas pessoas de diferentes povos.

"Com este mesmo espírito desejo que, não só aqui, mas em toda a amada e nevrálgica região do Oriente Médio, haja oportunidades concretas de encontro: uma sociedade onde pessoas de diferentes religiões tenham os mesmos direitos", afirmou o papa.

Francisco concluiu seu discurso lembrando os conflitos no Iêmen, no Iraque e na Líbia, ressaltando que "Deus ajuda o ser humano que procura a paz". EFE