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Potências ocidentais lamentam mal-entendido com texto crítico à África do Sul

04/02/2019 14h59

Johanesburgo, 4 fev (EFE).- Estados Unidos, Reino Unido, Países Baixos, Alemanha e Suíça classificaram nesta segunda-feira de "mal-entendido" o envio de um memorando ao governo da África do Sul no qual advertiam que os investimentos no país cairão caso o governo sul-africano não tome medidas contra a corrupção.

Os chefes das respectivas delegações diplomáticas na África do Sul se explicaram assim à ministra sul-africana de Relações Internacionais e Cooperação, Lindiwe Sisulu, que os convocou a uma reunião para manifestar seu descontentamento depois que a existência do memorando se tornou pública no domingo.

"Os líderes das missões diplomáticas lamentaram o mal-entendido e esclareceram adicionalmente que o texto de debate tinha sido enviado à Presidência para contribuir com o diálogo sobre como a África do Sul pode atrair mais investimentos estrangeiros diretos", afirmou o Ministério em comunicado posterior ao encontro.

As partes também se comprometeram a respeitar no futuro os canais de comunicação protocolares, já que nesta ocasião não foram cumpridos, segundo Lindiwe.

Menos moderado se mostrou o governante partido Congresso Nacional Africano (CNA), que em comunicado criticou o ocorrido e expressou sua "profunda preocupação" com a "ingerência de forças ocidentais imperialistas", publicou o jornal sul-africano "Times".

A existência do memorando, enviado confidencialmente pelas cinco embaixadas ao Executivo de Cyril Ramaphosa, foi revelada ontem pelo jornal "Sunday Times".

Nele, os signatários advertiam que, se o governo sul-africano não tomar medidas concretas contra a vasta corrupção, as frequentes mudanças regulatórias e a complicada política de vistos, os investimentos estrangeiros na África do Sul cairiam.

EUA, Reino Unido, Holanda, Alemanha e Suíça representam 75% do investimento estrangeiro direto na África do Sul e o texto apoiava-se nas preocupações expressadas por empresários desses países.

A mensagem jogava um balde de água fria sobre os planos de recuperação econômica de Ramaphosa, muito enfáticos quanto à necessidade de atrair investidores. EFE