Topo

Presidente da Itália quer postura clara do Governo com relação à Venezuela

04/02/2019 11h08

Roma, 4 fev (EFE).- O presidente da Itália, Sergio Mattarella, disse nesta segunda-feira que não pode haver dúvidas entre a "democracia" e a "força" e pediu que o Governo adote uma postura oficial sobre a crise da Venezuela, depois que vários países da União Europeia reconheceram hoje Juan Guaidó como presidente "encarregado".

"Não pode haver incerteza e nem dúvidas: a escolha é entre a vontade popular e o desejo de autêntica democracia, por um lado, e por outro da violência e da força", afirmou o chefe do Estado em declarações ao inaugurar um centro de refugiados em Roma.

Mattarella acrescentou que trata-se de uma situação "que requer senso de responsabilidade e clareza em uma linha compartilhada com todos nossos aliados e parceiros da UE".

Para Mattarella, a situação na Venezuela é relevante inclusive para a Itália, pelos estreitos laços entre os dois países, "por tantos italianos que vivem na Venezuela e tantos venezuelanos de origem italiana".

As palavras de Mattarella foram pronunciadas enquanto o Governo de coalizão formada pela ultradireitista Liga de Matteo Salvini e o Movimento Cinco Estrelas de Luigi di Maio seguem sem adotar uma posição oficial a respeito do regime de Nicolás Maduro, em meio à aparente divisão entre os membros.

Os eurodeputados italianos da Liga e o M5E se abstiveram na votação do Parlamento Europeu que na semana passada reconheceu Juan Guaidó como presidente.

E Di Maio, um dos vice-presidentes do Governo, defendeu claramente a recusa de seu Governo a reconhecer Guaidó como presidente da Venezuela porque "não foi eleito pelo povo".

"A mudança será decidida pelos cidadãos venezuelanos. Nós estamos do lado da democracia e portanto temos que criar todos os orçamentos para favorecer novas eleições", afirmou Di Maio ao comentar essa votação do Parlamento Europeu.

Di Maio explicou que seu Governo também não reconhece Maduro e que a única coisa que apoia são "eleições democráticas que estabeleçam quem guiará a Venezuela".

O líder do M5S argumentou que no passado foram cometidos erros com as "intervenções dos Estados ocidentais em outros Estados" e que o maior interesse é "evitar uma guerra na Venezuela", acrescentou.

Os senadores do Partido Democrático, na oposição, apresentaram hoje uma moção sobre a Venezuela pedindo ao Executivo que se comprometa a reconhecer Guaidó como presidente interino "a fim de realizar em um tempo breve novas eleições livres" e criticaram o "insuportável isolamento" da Itália nesta crise. EFE