Papa Francisco reconhece abusos de padres e bispos contra freiras

Cidade do Vaticano, 5 fev (EFE).- O papa Francisco reconheceu nesta terça-feira casos de abuso cometidos por padres e bispos contra freiras e disse que trabalha para buscar soluções contra esta situação, que de acordo com o pontífice "vem de longe".

Em entrevista coletiva a bordo do avião que o trouxe de volta ao Vaticano após uma viagem aos Emirados Árabes, Francisco confirmou a existência do escândalo.

"É certo, é um problema. Dentro da Igreja houve clérigos que fizeram isso. Houve sacerdotes e também bispos que fizeram isso", disse o papa sobre as denúncias de abusos, segundo o serviço de informação do Vaticano, "Vatican News".

O suplemento feminino do jornal vaticano "L'Osservatore Romano" dedicou a edição de fevereiro ao caso dos abusos sexuais e de poder contra freiras. A diretora da publicação, Lucetta Scaraffia, pediu para que a Igreja não ignore esta situação de opressão à mulher.

"Acredito que ainda ocorra. Não acaba quando você percebe. A coisa continua", disse o pontífice ao opinar que o problema persiste memso após a revelação de diversos escândalos.

O papa Francisco lamentou que "a humanidade ainda não amadureceu", porque muitos ainda veem a mulher como cidadã "de segunda classe".

Sobre o problema dos abusos, o papa antecipou que trabalha "há muito tempo" para buscar soluções, como a suspensão e expulsão de alguns clérigos.

"É preciso fazer algo mais? Sim. Temos vontade? Sim. Mas é um longo caminho", declarou o papa, que depois elogiou o trabalho de seu antecessor, o papa emérito Bento XVI.

"O papa Bento teve a coragem de fechar uma congregação feminina, que tinha certo nível, porque tinha entrado nesta escravidão, inclusive sexual, por parte de clérigos ou por parte do fundador. Às vezes, o fundador tira a liberdade das freiras, o pode levar a isso", pontuou.

O papa Francisco lamentou que "o folclore" frequentemente apresente Bento XVI como "fraco", mas garantiu que não é certo ver o papa emérito desta maneira.

"É um homem bom, um pedaço de pão é pior que ele. É um homem forte", comentou. EFE