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Presidente do Paraguai irá à Costa Rica para audiência sobre caso de tortura

05/02/2019 12h20

Assunção, 5 fev (EFE).- O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, viajará à Costa Rica para comparecer na quinta-feira à audiência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) que tratará o caso de dois ativistas de esquerda que denunciaram torturas em 2002, segundo anunciou o chanceler paraguaio, Luis Alberto Castiglioni.

De acordo com o processo apresentado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), os ativistas Juan Arrom e Anuncio Martí, atualmente asilados no Brasil, foron torturados entre 17 e 30 de janeiro de 2002.

"Uma eventual decisão contrária ao Estado paraguaio é uma afronta à institucionalidade da República e é uma afronta ao Estado de Direito que se está consolidando no Paraguai", disse o chanceler em entrevista coletiva na residência presidencial.

Além disso, Castiglioni negou que a presença de Abdo Benítez na audiência tenha como meta pressionar o tribunal. O chanceler acrescentou que "tentar abrir um caso que já foi julgado é inclusive uma afronta à Constituição": "Estamos muito preocupados que um tribunal supranacional possa se exceder nas suas atribuições como pode ocorrer neste caso".

Arrom e Martí denunciaram que foram detidos por policiais que os pressionaram para que se declarassem culpados do sequestro em 2001 de María Edith Bordón, nora do ex-ministro da Fazenda Enzo Debernardi.

Bordón anunciou na segunda-feira que estará pessoalmente na audiência junto ao senador do Partido Pátria Querida (PPQ) Fidel Zavala, sequestrado em 2009 pela guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP).

Bordón e Zavala iniciaram ontem uma campanha contra o pagamento de uma compensação econômica aos dois ativistas, caso a CorteIDH decida pela responsabilidade do Estado paraguaio.

A Justiça paraguaia nunca chegou a determinar a culpa dos dois ativistas no sequestro de Bordón, já que antes do julgamento e depois de terem sido sequestrados e libertados com sinais de torturas, fugiram ao Brasil, onde obtiveram o status de refugiados políticos.

Em janeiro, o Paraguai pediu de forma oficial para que o Brasil revogasse esse status, para que possam ser extraditados e processados pela Justiça paraguaia. EFE