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Promotores do Peru vêm ao Brasil para interrogar ex-funcionários da Odebrecht

06/02/2019 16h34

Lima, 6 fev (EFE).- Uma equipe do Ministério Público interrogará na próxima quinta-feira dois ex-funcionários da construtora Odebrecht sobre pagamentos de propina nas obras da Estrada Interoceânica Norte e no Metrô de Lima durante o segundo mandato do ex-presidente Alan García (2006-2011).

Segundo o site "Peru21", os promotores da equipe especial da Lava Jato no país interrogarão Hilberto Mascarenhas Alves da Silva, ex-coordenador da Divisão de Operações Estruturadas da Odebrecht", e Maria Guimarães Tavares, que também trabalhava no departamento, que ficou conhecido no Brasil como "setor de propina".

Os dois ex-funcionários fizeram acordos de delação premiada no Brasil e vão ajudar a esclarecer os depósitos de US$ 29 milhões em contas do empresário peruano Gonzalo Monteverde a partir de contas de empresas que ele mantinha em paraísos fiscais, como a Construtora Internacional do Sul e a Klienfield Services.

Os promotores querem reunir evidências para as investigações abertas contra García e outras lideranças políticas peruanas. O ex-presidente é acusado de lavagem de dinheiro e de ter recebido parte das propinas que a Odebrecht admitiu ter pagado no Peru.

Maria Guimarães Tavares explicou à equipe da Lava Jato no Brasil como o "setor de propina" da construtora funcionava e forneceu informações que permitiram revelar que os pagamentos tinham uma fonte ilegal. Com as declarações dela, os promotores peruanos devem conseguir identificar os donos das empresas 'offshore' criadas no Panamá por Monteverde para distribuir o dinheiro da Odebrecht.

O Ministério Público do Peru investiga a hipótese de o dinheiro movimentado pelo empresário corresponder ao pagamento de propina para que a Odebrecht vencesse as licitações para a construção da Estrada Interoceânica Norte e o Metrô de Lima, obras realizadas durante a segunda passagem de García pela presidência do país.

A Justiça peruana impediu García de sair do Peru por 18 meses devido às investigações. O ex-presidente acusa o governo do país de espioná-lo depois de o Uruguai ter rejeitado um pedido de asilo político apresentado por ele. EFE